Passar de 10 a 12 horas seguidas diante do computador faz parte do dia a dia de muitas pessoas, já que hoje usar essa máquina, tanto no trabalho quanto em casa, virou um hábito difícil de evitar. Segundo pesquisas, um estilo de vida desse tipo provoca dores de cabeça e de pescoço, e o aspecto mais inquietante é que eles podem atingir tanto os adultos quanto os jovens. Uma equipe de cientistas da Stellenbosch University, de Tygerberg, África do Sul, observou o que acontecia com um grupo de 1.073 estudantes com idade média de 16 anos, dos quais 48% frequentam escolas onde se usa regularmente o computador durante oito horas e meia por semana ou mais. De acordo com os resultados da pesquisa, apenas 16% de quem passa menos de cinco horas diante do computador sofre de distúrbios no pescoço, ante 48% daqueles que estão no computador de 25 a 30 horas por semana, os quais se queixam de dores musculares e de cabeça.

ANTIGAMENTE, A MAIOR PARTE DO TEMPO LIVRE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ERA PASSADA NO QUINTAL OU NAS QUADRAS DESPORTIVAS. HOJE, EM CASA OU NA ESCOLA, OS JOVENS VIVEM DIANTE DO COMPUTADOR

Mas esse não é o único dano provocado por uma existência passada em grande parte diante de um monitor. Segundo o Instituto Italiano de Medicina Social, quase 46% dos trabalhadores da União Europeia exercem seu ofício em posições dolorosas ou cansativas. De acordo com os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina da Universidade de Bari (Itália) e do Centro Europeu da Coluna Vertebral, a postura que se adota diante do computador pode provocar hipercifose dorsal e cervical (aumento da curvatura da coluna nessas regiões).

O uso prolongado do mouse, por seu lado, pode provocar epicondilite, uma inflamação dos tendões do cotovelo causada por movimentos excessivamente repetitivos ou efetuados com demasiada intensidade. Há também a síndrome do túnel carpal (osso da raiz da mão), uma dor no pulso que se irradia até a mão e por todo o braço, chegando até o ombro, por conta do uso errado do mouse. A prevenção mais eficaz contra esses distúrbios é, em primeiro lugar, assumir e manter uma postura correta diante do monitor, com os pés bem apoiados no solo e a coluna no encosto, sobretudo a região lombar, regulando-se a altura da cadeira e a inclinação do encosto. O monitor deve ser posicionado à frente de modo que, mesmo agindo sobre eventuais mecanismos de regulagem, sua linha superior esteja um pouco mais baixa da horizontal que passa pelos olhos do operador e entre 50 cm e 70 cm de distância.

O teclado deve estar diante do monitor e o mouse vizinho a ele, de modo que ambos sejam facilmente alcançados. Os antebraços devem estar apoiados na escrivaninha, de modo a aliviar a tensão dos músculos do pescoço e das costas. É preciso, enfim, evitar posições fixas por tempos prolongados. No caso em que isso for impossível, os especialistas recomendam fazer com frequência exercícios de relaxamento do pescoço, das costas, dos braços e das pernas. O uso prolongado do vídeo também pode causar danos na pele: um estudo recente realizado com 3 mil voluntários suecos, selecionados ao acaso e com idade entre 18 e 64 anos, mostrou que quem trabalha no computador é mais sujeito a desenvolver outros distúrbios, como a rosácea e vários tipos de acne, a dermatite seborreica e o eritema específico. Provocadas pela exposição aos campos eletromagnéticos dos videoterminais, essas screen dermatitis (dermatites de monitor) se caracterizam pela sensação de coceira, queimação, tensão cutânea e dor.

No que diz respeito à visão, os oftalmologistas lembram que o uso do computador não costuma provocar uma piora das nossas capacidades visuais quando são respeitadas as regras mínimas de bom uso do aparelho. Caso contrário, é certo que seu uso excessivo provoca fadiga dos olhos e a perda de elasticidade do nervo ótico. Observa-se também, com frequência cada vez maior, a aparição da assim chamada “síndrome do olho seco”, que consiste não apenas numa diminuição da quantidade de líquido produzido pelas glândulas lacrimais, mas também numa piora da qualidade da lágrima, que se torna cada vez menos apta a lubrificar a superfície do globo ocular.