Grupo estaria envolvido no assassinato de Ronald Ojeda, ex-militar e dissidente do regime de Nicolás Maduro. Asilado político, ele foi sequestrado em fevereiro de 2024 em Santiago.A polícia do Chile prendeu na noite desta quarta-feira (13/08), em Santiago, um dos líderes da gangue transnacional Tren de Aragua, que estaria ligada ao assassinato do ex-militar venezuelano Ronald Ojeda, segundo informações divulgadas por autoridades chilenas nesta quinta.

Alfredo José Henríquez Pineda, de 30 anos, também conhecido como Gordo Alex, um dos chefes da facção Los Piratas, foi capturado após várias operações e batidas policiais realizadas nos últimos dias na capital chilena.

A Tren de Aragua, gangue nascida na prisão venezuelana de Tocorón, espalhou-se por países como Colômbia, Peru, Bolívia e Chile, onde as autoridades a acusam de cometer inúmeros crimes, como tráfico de drogas, extorsão, sequestros e homicídios.

Dissidente do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, e asilado político no Chile, Ojeda foi sequestrado em 21 de fevereiro de 2024 em sua casa em Santiago. Seus restos mortais foram encontrados dez dias depois em uma localidade periférica da capital, enterrados sob um bloco de cimento.

Crime deteriorou relações entre Boric e Maduro

Desde o início das investigações, a tese da promotoria chilena, endossada também pelo governo do presidente Gabriel Boric, indica que o crime teve motivação política. Segundo o Ministério Público, testemunhas apontam para a participação de autoridades do governo venezuelano.

O inquérito sobre o sequestro e homicídio do ex-militar esfriou as relações entre Chile e Venezuela. Em janeiro, Caracas solicitou o fechamento dos dois consulados chilenos em território venezuelano “como consequência da suspensão das relações diplomáticas”.

Na prática, porém, os laços estavam rompidos desde agosto de 2024, quando Maduro ordenou a saída dos diplomatas chilenos e o fechamento da embaixada chilena na Venezuela, após Boric classificar as eleições venezuelanas de 28 de julho de 2024 como fraudulentas.

Dezenas de presos em megaoperação

Em julho, a polícia chilena já havia desencadeado uma megaoperação, após vários meses de investigação, para desmantelar um braço da Tren de Aragua.

O saldo final da operação foi de 52 detidos (47 estrangeiros, 16 deles em situação irregular) e 13,5 milhões de dólares em ganhos ilícitos enviados para sete países como Espanha, Estados Unidos e México) e 250 contas correntes ou criptoativos congelados, o que as as autoridades locais consideraram um dos maiores golpes já desferidos contra a gangue.

Segundo o Ministério Público do Chile, a Tren de Aragua hoje atua em diversas frentes criminosas, desde tráfico e sequestros até mineracao ilegal, apostas online, roubo de combustível e de carros de luxo.

Aumento do crime

O Chile é um dos países menos violentos da América Latina, mas vem registrando um aumento da criminalidade associado à atuação de quadrilhas organizadas de diferentes países, como Los Pulpos, do Peru, e Los Espartanos, da Colômbia, além da Tren de Aragua.

A Tren de Aragua também entrou no alvo do presidente dos EUA, Donald Trump, que invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros para prender supostos membros da gangue e deportá-los para uma prisão de segurança máxima em El Salvador – base legal depois derrubada pela Suprema Corte americana.

gb/bl (EFE, ots)