27/08/2025 - 7:53
O megafoguete Starship, da empresa americana SpaceX, decolou nesta terça-feira (26), em seu décimo voo de teste, após uma série de problemas técnicos colocarem em dúvida a sua viabilidade.
O maior foguete já construído, de mais de 120 metros, decolou de sua base, no estado americano do Texas, logo após as 23h30 GMT. Em 1 minuto, a nave atingiu 1.000 km/h. Com 2min15segs, a nave iniciou a separação do lançador Super Heavy – 30 segundos depois o processo foi completado.
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Às 20h36, o Super Heavy retornou à Terra, como programado pela companhia. Desta vez, no entanto, o equipamento não voltou para a base da companhia no Texas, mas fez um pouso controlado nas águas do Golfo do México (rebatizado de Golfo da América pelo presidente Donald Trump).
Com 19 minutos de voo, a uma altitude de 189 km, a companhia realizou um teste colocando em órbita equipamentos que simulam satélites da Starlink, sistema de internet da companhia. Foram colocados no espaço oito equipamentos, um por minuto em média. Com 25min11segs da missão, o teste de carga foi completado integralmente. É a primeira vez que o Starship realiza esse tipo de simulação, o que significa um avanço para a SpaceX depois da série de fracassos em 2025.
Confira imagens do teste de carga
Após 45 minutos de voo, a nave já havia cruzado o continente africano e estava em uma altitude de 100 km, quando ela começou o processo de reentrada – neste momento, o foguete estava a uma velocidade 5 vezes à velocidade do som.
Seu estágio superior pousou com sucesso no Oceano Índico, após cumprir seus principais objetivos, segundo a transmissão de vídeo da empresa, do milionário Elon Musk.
“Amerissagem confirmada! Parabéns a toda a equipe da SpaceX por um décimo voo de teste emocionante!”, publicou a empresa no X.
Veja o momento do pouso na Terra
O voo aconteceu após ser adiado nos dois dias anteriores, devido a um problema técnico e às condições meteorológicas. No começo do ano, as tentativas anteriores de lançamento terminaram em explosões em pleno ar.
A sucessão de contratempos, à qual se somou em junho uma explosão durante um teste em solo, gerou dúvidas sobre a viabilidade do Starship, enquanto Musk mantém seu objetivo de realizar em 2026 os primeiros lançamentos a Marte.
O megafoguete ainda “não se mostrou confiável”, avaliou o especialista Dallas Kasaboski, da consultoria Analysys Mason. “Os sucessos não superaram os fracassos”, observou, ressaltando que o novo voo de teste colocava a empresa de Musk “sob forte pressão”.
Desafios técnicos
Famoso por seus projetos mirabolantes e previsões excessivamente otimistas, Musk revolucionou o setor espacial com seu sistema de produção de foguetes reutilizáveis, que domina hoje o mercado de lançamentos comerciais. Com o Starship, pensado para realizar viagens interplanetárias, a empresa de Musk pretende ir ainda mais longe e realizar seu sonho de colonizar Marte. O objetivo é levar a humanidade à Lua e, depois, à Marte, cuja viagem deve custar US$ 10 milhões e US$ 60 milhões.
Versões modificadas do Starship devem servir ao programa Artemis, da Nasa, que prevê o retorno de astronautas americanos à Lua, assim como voos de longa distância na Terra, com os quais a SpaceX promete que seus clientes vão chegar “a qualquer lugar do mundo em até uma hora”.
Antes de realizar voos tripulados ou de chegar ao satélite natural da Terra e ao Planeta Vermelho, no entanto, o Starship terá que superar “milhares de desafios técnicos”, reconheceu Musk ontem no Texas, ao mesmo tempo que se declarou confiante.
Embora a SpaceX já consiga recuperar o primeiro estágio do megafoguete, que propulsiona todo o conjunto em uma manobra espetacular, o mesmo ainda não acontece com a extremidade superior, que também deseja reutilizar.
Conheça o foguete Starship
O Starship é apelidado de “foguetão” porque é muito maior que o antecessor da Space X, o Falcon 9, de 70 metros. O irmão mais recente, no caso, mede 120 metros de altura, tem 9 metros de diâmetro e pesa 1,3 mil toneladas.
A espaçonave traz o propulsor Super Heavy (de 69 metros de altura), responsável por levar o Starship até a órbita da Terra em cerca de 170 segundos. O lançador traz 33 motores Raptor, com empuxo de 72 meganewtons (o dobro do motor da Falcon 9, o Merlin). Assim como a nave principal, o lançador pode ser reutilizado para novos voos.
Já a nave Starship tem altura de 50 metros, é equipada com três motores Raptor e mais três motores Raptor Vacuum, modelo com escape maior para maximizar a eficiência no espaço. O veículo traz também um tanque de metano líquido e outro tanque de oxigênio líquido para combustão.