Atentado cometido por radical islâmico em Mannheim em maio de 2024 também deixou cinco feridos em evento de grupo anti-Islã.Um afegão de 26 anos foi condenado à prisão perpétua nesta terça-feira (16/09) na Alemanha, após um tribunal considerá-lo culpado por um ataque a faca que matou um policial na cidade de Mannheim, no sudoeste do país, no ano passado.

Além da acusação de homicídio, o réu, identificado apenas como Sulaiman A. – em observância às leis de privacidade alemãs – também foi considerado culpado de quatro acusações de tentativa de homicídio, bem como de lesão corporal grave.

O Tribunal Regional Superior de Stuttgart reconheceu a gravidade dos crimes, o que significa que o réu não poderá obter liberdade condicional após cumprir 15 anos de prisão.

Ataque em praça pública

Em 31 de maio de 2024, seis pessoas ficaram feridas no esfaqueamento na Praça do Mercado de Mannheim, incluindo cinco participantes de uma manifestação organizada pelo movimento anti-islâmico Pax Europa (BPE). O policial Rouven Laur ,de 29 anos, que interviu durante o ataque, acabou morrendo em decorrência dos ferimentos dois dias depois.

O agressor foi baleado pela polícia no local. O tribunal concordou com os promotores que afirmaram que o réu tinha associações com o grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI) e havia se radicalizado ao longo de vários anos antes do ataque.

Eles afirmaram que o objetivo do agressor não era apenas matar a figura principal do BPE, Michael Stürzenberger, um crítico ferrenho do islã, mas também eliminar o maior número possível de opositores ao islã e supostos “infiéis”.

O agressor queria causar “o máximo de dano possível no menor tempo possível”, disse o juiz Herbert Anderer, que presidiu o julgamento. Segundo o magistrado, a capacidade limitada do réu de assumir responsabilidade criminal não foi comprovada no processo.

Um total de 61 testemunhas e 15 peritos foram ouvidos ao longo de 31 dias de audiências.

Radicalizado após a guerra em Gaza

Durante o julgamento, Sulaiman A. confessou ter executado o ataque e demonstrou sinais de remorso, pedindo desculpas às vítimas e seus familiares antes do veredito.

Ele alegou ter sido manipulado pelas redes sociais e radicalizado após o início da guerra de Israel em Gaza,

Questionado sobre sua motivação, ele citou a guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques terroristas do grupo islamista Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023.

O réu disse ter sido radicalizado através das redes sociais e afirmou que os conflito iniciado em 2023 mudou sua vida. Ele teria trocado mensagens no Telegram com alguém que o encorajou em seu plano de matar Stürzenberger.

Sulaiman A. fugiu do Afeganistão aos 11 anos. Ele chegou a Frankfurt em 2013 juntamente com seu irmão, mas sem os pais. Ele solicitou asilo na Alemanha. Embora seu pedido tenha sido rejeitado, as autoridades impuseram uma proibição de deportação, presumivelmente por ele estar na condição de menor desacompanhado.

O afegão morava com sua esposa e dois filhos pequenos em uma cidade a cerca de 35 quilômetros a nordeste de Mannheim. Ele não tinha nenhuma condenação anterior e não era conhecido da polícia antes do ataque,

A família de Rouven Laur se recusou a comentar diretamente o veredito, mas seu advogado afirmou estar satisfeito com a decisão.

Ataques incendiaram debate sobre migração

O ataque em Mannheim foi um dos vários ataques a faca ou por meio de atropelamentos contra pedestres ou multidões em diversas cidades alemãs no último ano. O fato de alguns deles terem sido cometidos por pessoas de origem estrangeira alimentou o debate sobre a política migratória da Alemanha.

Após o ataque a faca em Mannheim, o governo anunciou planos para facilitar a deportação de cidadãos afegãos condenados por crimes particularmente graves, após a Alemanha ter suspendido as deportações com a volta do Talibã ao poder.

Na semana passada, um cidadão sírio foi condenado à prisão perpétua após um tribunal alemão considerá-lo culpado de realizar no ano passado um ataque em nome do “Estado Islâmico” em um festival na cidade de Solingen, no oeste do país.

rc /DPA, AFP)