Pesquisadores da empresa de biotecnologia Colossal Biosciences anunciaram um avanço significativo no projeto de “desextinção” do dodô, ave desaparecida há mais de 300 anos. A equipe conseguiu, pela primeira vez, cultivar e manter em laboratório células-tronco germinativas primordiais (PGCs) de pombos, um passo considerado fundamental para a recriação da espécie.

As PGCs são células precursoras de espermatozoides e óvulos. O sucesso em cultivá-las a partir do pombo de Nicobar, o parente vivo mais próximo do dodô, abre caminho para a edição genética dessas células. O objetivo é modificar o DNA do pombo para que ele contenha as características genéticas do dodô, cujo genoma já foi completamente sequenciado.

O processo, liderado pela equipe de genética aviária da Colossal, envolve a injeção dessas células modificadas em embriões de galinhas e galos estéreis. A expectativa é que essas aves hospedeiras, ao atingirem a maturidade, produzam óvulos e espermatozoides contendo o DNA editado do dodô. A partir da fertilização, a prole resultante seria, na prática, um dodô ou um híbrido muito próximo da ave original.

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Segundo a empresa, o domínio da cultura de PGCs de pombo era um dos maiores obstáculos técnicos do projeto. Com essa etapa superada, os cientistas podem agora focar na complexa edição dos genes que diferenciavam o dodô de seus parentes, como seu tamanho, a incapacidade de voar e a morfologia de seu bico.

Apesar do avanço, a recriação do dodô ainda enfrenta anos de desenvolvimento. O projeto, que utiliza a tecnologia de edição genética CRISPR, também levanta debates éticos e ecológicos sobre a reintrodução de uma espécie extinta em um ecossistema que mudou drasticamente desde o seu desaparecimento no século XVII, na Ilha Maurício. A Colossal Biosciences afirma, no entanto, que a tecnologia desenvolvida pode ter aplicações importantes para a conservação de espécies de aves atualmente ameaçadas de extinção.