07/10/2025 - 21:44
Comboio de Daniel Noboa é atacado em meio a protesto de indígenas contra aumento do custo de vida nas regiões agrícolas. Cinco pessoas foram presas por suspeita de participação no suposto atentado.O presidente equatoriano, Daniel Noboa, saiu ileso de um suposto atentado a tiros e pedras contra o veículo em que viajava nesta terça-feira (07/10), em meio a protestos indígenas contra seu governo.
“Quinhentas pessoas apareceram e atiravam pedras e, obviamente, também há sinais de balas no carro do presidente”, disse a ministra do Meio Ambiente e Energia, Inés Manzano, garantindo que Noboa escapou em segurança. A polícia prendeu cinco suspeitos de participação no suposto atentado.
Vídeos divulgados pela Presidência mostram a cena de dentro de um dos veículos, onde vários objetos se chocam contra as janelas e alguém dentro grita “abaixem a cabeça”.
Outras imagens do lado de fora mostram um grupo de manifestantes, alguns deles indígenas em trajes tradicionais, atirando pedras e paus enquanto a caravana avança em meio ao som de sirenes.
Os veículos foram atacados enquanto viajavam para a cidade andina de Cañar, no sul do Equador, onde o presidente inaugurou uma estação de tratamento de água. Mais tarde, a 70 quilômetros de distância, Noboa participou de um ato público em Cuenca.
“Esses ataques não são aceitos no novo Equador. A lei se aplica a todos […] Não permitiremos que alguns vândalos nos impeçam de trabalhar para vocês”, disse o presidente em Cuenca.
Manzano disse que o governo apresentou uma denúncia pela “tentativa de homicídio” contra Noboa. As cinco pessoas presas serão investigadas pelo crime de terrorismo, punível com até 30 anos de prisão.
Protestos das comunidades indígenas
Desde 22 de setembro, o governo enfrenta protestos em várias províncias da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), a maior organização de povos indígenas do país, contra a eliminação do subsídio ao diesel.
Membros de comunidades indígenas bloqueiam estradas e realizam manifestações em razão de o aumento dos preços dos combustíveis ter elevado o custo de vida nas regiões agrícolas.
Os protestos deixaram um indígena morto a tiros, cerca de 150 feridos, incluindo civis, militares e policiais, e em torno de 100 detidos, segundo dados oficiais e de ONGs de direitos humanos que monitoram a situação no país.
Durante os protestos indígenas, Noboa, no poder desde 2023 e agora em seu segundo mandato, visitou as províncias mais afetadas pelas manifestações, como Imbabura, no norte do país, onde há uma semana, segundo informações da Presidência, um comboio liderado por Noboa e embaixadores da União Europeia (UE) e da Itália foi atacado por “grupos violentos infiltrados”.
“Atirar no carro do presidente, atirar pedras, danificar propriedades do Estado são simplesmente atos criminosos”, criticou Manzano. “Isso não ficará impune.”
Noboa, que trava uma guerra contra o crime organizado, afirma que entre os manifestantes há infiltrados de grupos criminosos como o venezuelano Tren de Aragua, embora não tenha detalhado suas acusações.
Os povos indígenas representam quase 8% dos 17 milhões de habitantes do Equador, segundo o último censo. Líderes indígenas afirmam que eles representam 25% da população.
rc (AFP, Reuters)