01/12/2009 - 0:00
No passado remoto, quando olhávamos o céu cravejado de pontos brilhantes, pensávamos que eles eram deuses a dançar lá no alto suas eternas coreografias. Hoje, sabemos que essas luzes são, na verdade, corpos celestes, estrelas como o nosso Sol, planetas como a nossa Terra, e galáxias, nebulosas, cometas, meteoros e meteoritos, toda a incontável população da imensa orbe que chamamos universo.
Da mesma forma que o universo se alarga a cada instante, a ciência expande o seu acervo, acrescentando a ele, a cada dia, novas descobertas. Nas últimas décadas, apenas, a astronomia descobriu mais coisas do que em toda a sua história pregressa. Confirmou, por exemplo, uma velha suspeita: o Sol não é a única estrela a ter planetas ao seu redor. Orbitando ao redor de seus sóis, foram descobertos cerca de 400 outros desses corpos celestes nos últimos anos. A maioria de tais planetas é composta de gigantes gasosos, do tipo Júpiter. Mas, dentre eles, alguns são certamente rochosos, do tipo Terra.
E aparece a inevitável pergunta: conterão vida? Levará ainda algum tempo para sabermos com certeza. Mas, segundo uma das mais importantes leis da matemática, a lei das probabilidades, é praticamente impossível que, dentre todos os planetas rochosos existentes no universo, só a Terra tenha sido agraciada com o privilégio da vida. É baseada nessa certeza que a ciência hoje não mede esforços para desvendar os mistérios do espaço infinito. Só o programa Seti, criado para investigar sinais de vida inteligente provenientes do espaço exterior, usa 42 antenas no norte da Califórnia (EUA) para examinar os campos de estrelas nas regiões mais centrais da galáxia; e a Universidade Harvard (também nos EUA) tem um telescópio de espelhos para procurar sinais de lasers de outros planetas. Também há a missão Kepler, da Nasa, que vai nos dizer se outros planetas parecidos com a Terra são comuns ou raros – descoberta que vai ser extraordinária, não importa qual seja o resultado. Sem falar nos outros projetos, ainda mais ousados, que estão sendo desenvolvidos no mundo todo, sempre com o mesmo objetivo: mostrar que não estamos sós no universo.
O número de exoplanetas descobertos já ronda 400. A cada dia estamos mais perto de encontrar outra Terra a girar no espaço
Nossa reportagem de capa traça um panorama atual da pesquisa científica a respeito dos exoplanetas e suas características. Um panorama, no entanto, restrito ao aqui e agora. Quando começamos a elaborar a matéria, na metade de setembro, os exoplanetas conhecidos eram 352. Perto do fechamento da revista, em meados de outubro, já eram 374. Talvez neste instante já sejam 450, 500 ou mil… Amanhã, serão milhões.