18/03/2019 - 16:23
Conhecido por efeitos tão potentes quanto controvertidos, o ácido lisérgico, ou LSD, pode enfim conquistar – ou não – um lugar na galeria das substâncias benéficas ao ser humano. Iniciada em setembro de 2018, a primeira experiência científica a estudar seu uso em doses fracionadas, ou “microdoses”, vai tirar a dúvida sobre o que realmente acontece em tais ocasiões.
Essa forma de utilização, que ocorre entre diversos usuários do Vale do Silício, o centro da tecnologia digital na Califórnia, levaria a mente a aguçar o pensamento e a aumentar a criatividade, além de reduzir a depressão, tudo isso sem sintomas colaterais. A grande mudança em relação ao consumo anterior é mesmo a quantidade: hoje em dia, esses usuários ingerem apenas cerca de 1/15 de um comprimido em um ou mais dias da semana, antes de sair para o trabalho.
Como o LSD é ilegal, os órgãos que coordenam a pesquisa – a Fundação Beckley (criada para ser pioneira na pesquisa de substâncias que alteram a mente) e a unidade que financia o Imperial College London, ambos britânicos – tiveram de lidar com vários obstáculos para formatar esse estudo.
As pessoas recrutadas (todas as quais admitem ser usuárias da substância em microdoses) ingerem ao longo de quatro semanas cápsulas idênticas contendo ou a dosagem que costumam usar ou placebo, sem saber qual é qual. Em seguida, respondem a questionários e testes e participam de jogos cognitivos online. No final, saberão se o estado positivo que dizem viver com a droga foi realmente proporcionado por ela ou foi apenas por pensarem que a estavam consumindo.
Os voluntários receberam um manual com informações detalhadas de como preparar as cápsulas de gel (algumas com um pedacinho de papel absorvente carregado com a dose de LSD que normalmente usam e outras vazias) e, depois, distribuí-las aleatoriamente durante o período do estudo.
Códigos de barras QR, que podem ser escaneados por smartphones, colocados em envelopes contendo as doses para cada semana, revelam o que foi feito e quando, no fim do estudo. Segundo Balázs Szigeti, o líder da pesquisa, se os resultados obtidos forem interessantes, novos estudos deverão ser realizados.