08/04/2019 - 17:23
Foto: JoshBerglund19/ Creative Commons
Pesquisadores da Universidade de Tóquio constataram que 1 em cada 10 adultos na faixa dos 30 anos continua virgem no Japão. O estudo foi publicado na revista científica BMC Public Health.
O estudo é a mais detalhada análise de dados nacionais sobre fertilidade e busca entender as tendências de experiência sexual no país asiático nas últimas três décadas.
Segundo Peter Ueda, especialista em epidemiologia e saúde pública e líder da pesquisa, notícias anteriores sobre taxas de virgindade entre jovens japoneses eram um pouco sensacionalistas, incluíam indivíduos que nunca foram casados e não distinguiam taxas de virgindade por faixa etária.
O novo estudo apresentou estimativas para toda a população japonesa, definiu mais claramente a idade e o status socioeconômico das pessoas que nunca tiveram relações sexuais heterossexuais e compararam as tendências ao longo do tempo.
A virgindade heterossexual em mulheres de 18 a 39 anos aumentou de 21,7% em 1992 para 24,6% em 2015. Os números respectivos para homens foram 20% e 25,8%. Quando os números são divididos em faixas etárias menores, a tendência para o aumento das taxas de virgindade é observada mesmo entre os adultos na faixa dos 30 anos.
Para pessoas entre 30 e 34 anos em 1987, 6,2% das mulheres e 8,8% dos homens não relataram nenhuma experiência heterossexual. Em 2015, os números saltaram para 11,9% das mulheres e 12,7% dos homens.
Para pessoas entre 35 e 39 anos em 1992, apenas 4% das mulheres e 5,5% dos homens não relataram nenhuma experiência heterossexual. Em 2015, os números saltaram para 8,9 por cento para as mulheres e 9,5 por cento para os homens.
Os dados foram coletados pela Pesquisa Nacional de Fertilidade do Japão, projetado e implementado aproximadamente a cada cinco anos pelo Instituto Nacional de Pesquisa Populacional e Previdência Social do Japão.
Os pesquisadores usaram dados de sete pesquisas realizadas entre 1987 e 2015, cada uma incluindo entre 11.553 e 17.859 adultos de 18 a 39 anos de idade.
Sexo e dinheiro
Os homens eram mais propensos a ter relações sexuais se tivessem emprego permanente em tempo integral e vivessem em cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Em comparação com aqueles com as maiores rendas, os homens nas categorias de renda mais baixa foram 10 a 20 vezes mais propensos a não ter experiência heterossexual.
“A discussão em torno de causa e efeito quando se considera os sexualmente experientes e os virgens é muito complexa, mas mostramos que a inexperiência heterossexual é, pelo menos em parte, uma questão socioeconômica para os homens”, disse Cyrus Ghaznavi um dos autores do estudo.
As mulheres eram mais propensas a ter relações sexuais se tivessem menores rendimentos pessoais. Os investigadores especulam que isso pode acontecer porque as mulheres casadas são mais propensas a ter relações sexuais e serem donas de casa em tempo integral sem um salário.
Experiências homossexuais
É importante ressaltar que a pesquisa da Universidade de Tóquio não avaliou a experiência sexual com pessoas do mesmo sexo, excluindo essa parcela de pessoas homossexuais do estudo.
A pesquisa questionou os participantes sobre a experiência sexual com alguém do sexo oposto usando uma palavra japonesa que implica o coito vaginal (seikosho), mas não define explicitamente diferentes tipos de sexo, como é comum em pesquisas semelhantes usadas em outros países.
Os pesquisadores assumiram que todos os adultos casados tiveram relações sexuais. O Japão ainda não tem igualdade no casamento para casais do mesmo sexo. Portanto, é possível que o resultado fosse diferente se a população homossexual fosse incluída na análise.
Tendências globais
Em pesquisas comparáveis do Reino Unido, EUA e Austrália, as taxas de inexperiência heterossexual são de cerca de 1 a 5% em adultos em torno de 30 anos. Dados de pesquisas de outros países de alta renda indicam que a inatividade sexual entre jovens adultos pode estar aumentando, então o Japão pode estar liderando uma tendência mundial.
“A inatividade sexual, seja voluntária ou não, não deve ser exotizada, ridicularizada ou necessariamente considerada uma preocupação. São necessárias mais pesquisas sobre as razões da inexperiência sexual e como essa dinâmica pode estar se transformando devido ao namoro online”, disse Ueda. Para o pesquisador, as relações virtuais podem estar mudando as expectativas de relacionamentos românticos e sexuais e transformando valores, estilos de vida e tendências do mercado de trabalho.