A análise prevê que, com base nos níveis de usuários de 2018, pelo menos 1,4 bilhão de membros morrerão antes de 2100. A rede social tem, hoje, cerca de 2,3 bilhões de usuários. Nesse cenário, os mortos poderiam ultrapassar os vivos até 2070. No entanto, se a maior rede social do mundo continuar se expandindo nas taxas atuais, o número de usuários falecidos pode chegar a 4,9 bilhões antes do final do século.
“Estas estatísticas dão origem a novas e difíceis questões sobre quem tem direito a todos esses dados, como deve ser administrado no melhor interesse das famílias e amigos do falecido e seu uso por futuros historiadores para entender o passado”, disse o autor principal, Carl Öhman.
Para Öhman, o gerenciamento de nossos restos digitais acabará afetando todos os que usam as mídias sociais, já que todos nós um dia morreremos e deixaremos nossos dados.
David Watson, co-autor da pesquisa, disse que nunca antes na história um vasto arquivo de comportamento e cultura humanos foi reunido em um único lugar. “Controlar esse arquivo, em certo sentido, será controlar nossa história”, disse. “Portanto, é importante garantir que o acesso a esses dados históricos não seja limitado a uma única empresa com fins lucrativos”, afirmou. Para Watson, também é importante garantir que as gerações futuras possam usar nossa herança digital para entender sua história.
A análise estabelece dois cenários extremos, argumentando que o futuro vai ser algo entre esses dois cenários:
- O primeiro cenário pressupõe que nenhum novo usuário participe do Facebook a partir de 2018. Sob essas condições, a participação da Ásia de usuários mortos aumenta rapidamente e vai responder por quase 44% do total até o final do século. Quase metade desses perfis vêm da Índia e da Indonésia, que juntas somam quase 279 milhões de mortes no Facebook até 2100.
- O segundo cenário pressupõe que o Facebook continue a crescer a uma taxa atual de 13% globalmente, a cada ano, até que cada mercado atinja a saturação. Nestas condições, a África irá representar uma parcela crescente de usuários mortos. A Nigéria, em particular, concentraria mais de 6% do total. Por outro lado, os usuários ocidentais serão responsáveis por apenas uma minoria de usuários, com apenas os EUA entrando no top 10.
“Os resultados devem ser interpretados não como uma previsão do futuro, mas como um comentário sobre o desenvolvimento atual, e uma oportunidade para moldar o futuro para o qual estamos caminhando”, explica Öhman. “O Facebook é apenas um exemplo do que espera qualquer plataforma com conectividade e alcance global semelhantes”, diz.
Watson acredita que o Facebook deveria convidar historiadores, arquivistas, arqueólogos e especialistas em ética para participar do processo de curadoria do vasto volume de dados acumulados que deixamos para trás enquanto falecemos.
As previsões baseiam-se em dados das Nações Unidas, que fornecem o número esperado de mortalidades e populações totais para todos os países do mundo distribuídos por idade, e dados do Facebook retirados do recurso “Audience Insights” da empresa. Embora o estudo observe que este conjunto de dados auto-relatado tem várias limitações, isso fornece a estimativa pública mais abrangente do tamanho e da distribuição da rede.