21/06/2019 - 12:27
Uma série de verões excepcionalmente quentes entre 2003 e 2016 causou o descongelamento das camadas superiores do permafrost no Norte do Canadá, segundo estudo feitos pelo Laboratório Permafrost da Universidade do Alasca – Fairbanks e publicado na revista Geophysical Research Letters.
Os pesquisadores já previam há muito tempo que esse degelo na região ártica canadense aconteceria, mas os cálculos apontavam para a década de 2090. O fato de ter ocorrido cerca de 70 anos mais cedo é muito preocupante, sugerindo que as mudanças climáticas estão ocorrendo a uma taxa sem precedentes.
O permafrost é uma camada de solo abaixo da superfície da Terra com pedaços de rocha, água e matéria orgânica congelados a 0 grau Celsius ou abaixo disso por dois anos ou mais. Geralmente permanece por períodos muito mais longos, especialmente em áreas de alta latitude no Ártico e na Antártida.
Uma das áreas mais afetadas foi a Baía de Mold na Ilha do Príncipe Patrício, onde a equipe descobriu que as taxas de descongelamento estavam 240% acima das normas históricas, causando cerca de 90 centímetros de afundamento em apenas 12 anos. Em outras partes do Ártico canadense, eles descobriram níveis de degelo entre 150% e 240% mais altos do que as normas históricas.
Em torno das principais áreas afetadas, os pesquisadores encontraram cavidades pantanosas irregulares e incomuns, conhecidas por termocarste. Elas podem acumular água formando lagos de tundra ou lagoas de descongelamento.
No entanto, os efeitos podem ser ainda mais profundos do que a formação de novas características topográficas. O permafrost é chamado de “gigante adormecido” das mudanças climáticas por reterem uma série de microorganismos que retornam à ação e começam a decompor a matéria orgânica no solo, quando essa camada derrete. Isso libera muitos gases de efeito estufa, potencializando ainda mais as alterações do clima.