Em estudo divulgado hoje (22 de agosto), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que as minúsculas partículas de plástico conhecidas como microplásticos estão “em toda parte, inclusive em água potável”, mas não são necessariamente um risco para a saúde humana. A conclusão resume pesquisas mais recentes sobre o impacto dos poluentes plásticos em seres humanos.

Com menos de 5 milímetros de comprimento, os microplásticos já foram encontrados em ambientes marinhos, água doce, alimentos, ar e água potável, tanto engarrafada como de torneira. As partículas desse gênero mais comuns na água potável são fragmentos de garrafas plásticas.

Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Determinantes Sociais da Saúde da OMS, declarou que, com base nas informações limitadas disponíveis, “os microplásticos na água potável não parecem representar um risco para a saúde nos níveis atuais, mas é preciso descobrir mais.”

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Segundo a OMS, é improvável que os microplásticos com mais de 150 micrômetros, ou a milésima parte do milímetro, sejam absorvidos pelo corpo humano. Por outro lado, é provável que a absorção de partículas menores seja limitada.

O relatório da agência afirma, no entanto, que os dados disponíveis nessa “área emergente” são extremamente limitados e que a absorção de microplásticos “incluindo na faixa de tamanho nano pode ser maior”.

Novos estudos

Jennifer de France, especialista do Departamento de Saúde Pública da OMS, também informou que a água engarrafada “em geral continha números mais altos de partículas”. Segundo ela, foram encontrados “muitas vezes” dois polímeros usados com frequência na produção de garrafas e na produção de tampas. Apesar disso, ela disse que foram detectados outros polímeros e que, por isso, “são necessários mais estudos para se chegar a uma conclusão firme sobre sua origem”.

O estudo da OMS menciona pesquisas realizadas em ratos e camundongos, que mostraram sintomas como inflamação do fígado, mas afirma que é improvável que as pessoas sejam expostas a níveis tão altos de poluentes.

Por enquanto, “os consumidores não se devem preocupar”, tranquiliza o funcionário da OMS Bruce Gordon. Ele afirma que há “muitas dimensões desta história que estão além da saúde”.

Segundo Gordon, “um cidadão preocupado com a poluição por plástico com acesso a uma fonte de água encanada” deve usar essa opção. “(…) existem momentos em que se precisa de uma garrafa de água, mas ela deve ser, por favor, reutilizada”, observa.