29/08/2019 - 18:45
Um novo e amplo estudo genético sobre homossexualidade descobriu apenas um leve indício de variação genética que pode estar ligada ao comportamento do mesmo sexo. Segundo os cientistas responsáveis pelo trabalho, a evidência é muito escassa para se falar em uma explicação biológica para a homossexualidade. Esse estudo é abordado na edição de 30 de agosto da revista “Science”.
A pesquisa envolve quase meio milhão de britânicos de meia idade que doaram amostras de sangue e responderam a questionários para o projeto UK Biobank. Os cientistas combinaram esses dados com informações de dezenas de milhares de pessoas de ascendência europeia que responderam a perguntas relacionadas ao sexo para a empresa americana de testes genéticos 23andMe.
O estudo não se concentrou na identidade ou nos desejos sexuais de uma pessoa. Em vez disso, “o que realmente focamos foi no comportamento”, diz o coautor Benjamin Neale, geneticista e cientista de dados do Broad Institute (EUA).
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Os cientistas investigaram variações genéticas em pessoas que disseram ter tido pelo menos um parceiro sexual do mesmo sexo e as compararam com variantes em pessoas que disseram não ter tido encontros do mesmo sexo. Isso fornece uma visão limitada da sexualidade, porque um único encontro não define a sexualidade de uma pessoa.
Cinco variações
O estudo analisou milhões de variações genéticas em busca de alguma diferença significativa. Apenas cinco dessas variações se destacaram dentre o material analisado. “Juntas, as cinco variações representam muito menos de 1% da variabilidade nas características que estamos vendo”, diz Neale.
Isso significa que os cientistas não encontraram praticamente nada em comum entre as pessoas analisadas. Os resultados também revelam pouco ou nada sobre a biologia subjacente a essas variações genéticas.
Usando outra técnica para analisar os dados, os autores dizem que os genes ainda podem influenciar de 8% a 25% do comportamento estudado. Mas o efeito de qualquer variação genética individual é tão fraco que, mesmo em uma amostra de meio milhão de pessoas, não acarretaria consequências nelas.
Portanto, considera Neale, pelo menos por enquanto, prever esses comportamentos sexuais pelo material genético da pessoa é impossível.