31/10/2019 - 10:35
O maior recurso de gerenciamento de água da história do povo khmer foi construído no século 10 como parte de uma antiga capital de curta duração no norte do Camboja para armazenar água, mas o sistema falhou em seu primeiro ano de operação, possivelmente levando ao retorno da capital a Angkor. O estudo a esse respeito foi publicado na revista “Geoarchaeology”.
Uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Ian Moffat, da Universidade Flinders (Austrália), usou um radar de penetração no solo para mapear a superfície de um vertedouro enterrado em Koh Ker a fim de entender melhor por que o reservatório falhou durante seu primeiro ano de uso.
No estudo, os arqueólogos explicam que o aterro de 7 quilômetros de comprimento foi projetado para capturar água do rio Stung Rongea, mas a modelagem indica que era inadequado conter o fluxo médio de água na bacia. Com isso, os reis khmer foram forçados a restabelecer sua capital em Angkor.
LEIA TAMBÉM: Angkor: esplendor na selva ameaçado pelo turismo
Fadado ao fracasso
“Naquela época, iniciar projetos de engenharia civil, como a construção de templos, a renovação urbana e o desenvolvimento da infraestrutura hídrica, era fundamental para estabelecer a legitimidade dos reis khmer”, diz Moffat. “Não é difícil prever que o fracasso do aterro em Koh Ker – o maior e mais ambicioso projeto de infraestrutura da época – possa ter tido um impacto significativo no prestígio da capital soberana e contribuiu para a decisão de restabelecer Angkor como a capital do Império Khmer.”
“Nosso estudo mostra que esse ambicioso feito de engenharia sempre esteve fadado ao fracasso rápido”, acrescenta Moffat.
O complexo monumental de Koh Ker, localizado a 90 km a nordeste de Angkor, permanece relativamente pouco conhecido, embora tenha sido brevemente a capital em meados do século 10 sob o rei Jayavarman IV. Foi a única capital ao longo de seis séculos a ser estabelecida fora da região de Angkor. O local está situado em uma área de colinas levemente inclinadas e afloramentos de pedra, longe das planícies de inundação baixas associadas ao coração do Império Khmer.