27/11/2019 - 12:39
Cientistas do Reino Unido e do Japão encontraram “gelo asteroidal fossilizado” e poeira intacta no Acfer 094, um meteorito de 4,6 bilhões de anos que caiu na Argélia em 1990. A descoberta, publicada na revista “Science Advances”, é mais uma evidência de que, quando os asteroides iniciais se formaram, incorporaram água congelada em sua matriz.
Essa rocha já havia sido estudada anteriormente, mas sua matriz – o material que mantém o meteorito unido – foi ignorada na época, pois a tecnologia necessária para investigá-la ainda não existia. Agora, novos avanços permitiram aos pesquisadores estudar o Acfer 094 mais detalhadamente.
“O Acfer 094 data de aproximadamente 4,6 bilhões de anos atrás, quando o Sol nasceu e nosso Sistema Solar se formou”, disse Epifanio Vaccaro, cientista do Departamento de Ciências da Terra do Museu de História Natural de Londres e principal autor do estudo. “A matriz de tais meteoritos é considerada o material inicial a partir do qual todos os planetas se formaram.”
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A presença de água nos asteroides havia sido sugerida anteriormente por mudanças observadas em sua composição mineral, agora denominadas alterações aquosas. Mas ainda não se sabia como essa água foi distribuída pelos asteroides e quando esse gelo derreteu.
Buracos microscópicos
Observando a fina estrutura preservada no Acfer 094, Vaccaro e seus colegas viram as cavidades microscópicas deixadas quando o gelo que elas antes continham derreteu. Esses minúsculos buracos que registram onde o gelo estava são denominados gelo fóssil.
A descoberta permitiu à equipe criar um modelo que diz como o asteroide que originou o Acfer 094 cresceu e como os planetas se formaram.
“O corpo [do asteroide original] cresceu pela aglomeração de poeira macia com e sem gelo através de sua migração radial das regiões externas para as internas da Nebulosa Solar através do limite das neves eternas, um ponto no disco planetário além do qual a água em forma de gelo pode existir”, disseram os cientistas.
“O processo produziu uma estrutura em camadas dentro do corpo dos [asteroides] pais, com um núcleo rico em gelo e um manto pobre em gelo”, acrescentaram os pesquisadores. “Ao redor do limite das neves eternas, regiões porosas com gelo foram incorporadas ao manto. Posteriormente, o derretimento do gelo, principalmente no núcleo, induziu uma alteração aquosa no corpo dos pais. O Acfer 094 foi posteriormente ejetado do manto do corpo de um asteroide pai por alguns processos destrutivos.”
A tecnologia mais avançada empregada permitirá que os pesquisadores reexaminem as amostras descobertas anteriormente. Ao compreenderem como esses asteroides primitivos surgiram, os cientistas poderão entender melhor nossa origem. “Eles são feitos de coisas muito semelhantes àquelas que formam nosso próprio planeta; então, estudando esses meteoritos, poderemos entender melhor como a Terra evoluiu”, disse Vaccaro.