Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, encontraram uma solução inovadora para reduzir as emissões de dióxido de carbono do transporte comercial, como caminhões ou ônibus: capturar CO2 diretamente no sistema de escape dos caminhões e liquefazê-lo em uma caixa no teto do veículo. O conceito patenteado é assunto de um artigo publicado na revista “Frontiers in Energy Research”.

Depois de liquefeito, o CO2 é então entregue a uma estação de serviço, onde é transformado em combustível convencional usando energia renovável. O projeto está sendo coordenado pelo grupo de Engenharia de Processos Industriais e Sistemas de Energia, liderado por François Maréchal, na Escola de Engenharia da EPFL.

Os cientistas propõem combinar várias tecnologias desenvolvidas na EPFL para capturar CO2 e convertê-lo de gás em líquido, em um processo que recupera a maior parte da energia disponível a bordo, como o calor do motor. Em seu estudo, os cientistas usaram o exemplo de um caminhão de entrega.

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De início, os gases de combustão do veículo no tubo de escape são resfriados e a água é separada dos gases. O CO2 é isolado dos outros gases (nitrogênio e oxigênio) com um sistema de retenção por oscilação de temperatura, usando estruturas orgânicas metálicas especialmente projetadas na EPFL para absorver o dióxido de carbono. Depois que o material é saturado com CO2, ele é aquecido para que o dióxido de carbono puro possa ser extraído dele.

Adaptação

Os turbocompressores de alta velocidade também desenvolvidos na EPFL usam o calor do motor do veículo para comprimir o CO2 extraído e transformá-lo em líquido. Esse líquido é armazenado em um tanque e pode ser convertido novamente em combustível convencional nas estações de serviço usando eletricidade renovável.

Todo o processo ocorre dentro de uma cápsula medindo 2 m x 0,9 m x 1,2 m, colocada acima da cabine do motorista. “O peso da cápsula e do tanque é de apenas 7% da carga útil do veículo”, ressalta Maréchal. “O processo em si usa pouca energia, porque todas as suas etapas foram otimizadas.”

Os cálculos dos pesquisadores mostram que um caminhão que usa 1 kg de combustível convencional pode produzir 3 kg de CO2 líquido e que a conversão não envolve perda de energia.

Apenas 10% das emissões de CO2 não podem ser recicladas, e os pesquisadores propõem compensar isso usando biomassa.

O sistema poderia, teoricamente, funcionar com todos os caminhões, ônibus e até barcos, e com qualquer tipo de combustível. A vantagem desse sistema é que, diferentemente dos elétricos ou baseados em hidrogênio, ele pode ser adaptado aos caminhões existentes para neutralizar seu impacto em termos de emissões de carbono.