01/07/2007 - 0:00
A apreensão, tráfico e comércio de animais silvestres é um flagelo brasileiro que começou nos tempos coloniais e perdura até os dias atuais. Os navios franceses que, no século 16, aportavam em nosso litoral e retornavam aos portos da Normandia carregados de toras de pau-brasil, carregavam também enormes quantidades de plumas de nossos pássaros.
Os índios se encarregavam do “trabalho sujo”, caçando e matando as aves e entregando suas plumas aos estrangeiros em troca de um punhado de contas de vidro, machados, facas e outros utensílios e bugigangas. Foi assim que, nas capitais européias da época, virou moda o uso de chapéus decorados com plumas. Foi assim que, desde o início, a vida silvestre em nosso país passou a ser atacada de modo impiedoso e sem nenhum controle, com o simples objetivo do lucro fácil.
Do hábito destruidor não escaparam nem nossos dois imperadores. Dom Pedro 1º se fez coroar usando um manto decorado com plumas de tucano. Depois dele, seu filho, Pedro 2º, encomendou dois outros mantos feitos de plumas entrelaçadas, um para si mesmo, o outro para a sua esposa Tereza Cristina. Essas peças hoje estão em um museu alemão, que freqüentemente as empresta a outros museus para exposições de arte plumária brasileira que circulam mundo afora.
Tudo isso acontecia num tempo em que a fauna e a flora brasileira, riquíssimas e poucos tocadas, ainda tinham condições de sustentabilidade, de se renovar naturalmente, fazendo com que as espécies mais procuradas escapassem da possibilidade de extinção. Essa sustentabilidade já não existe nos dias de hoje. Embora tornados ilegais – crime inafiançável severamente punido pela lei –, a caça e o tráfico de animais silvestres prosseguem em todos os Estados brasileiros, sobretudo naqueles mais pobres do Nordeste, Centro-Oeste e na Amazônia.
Somados ao desmatamento descontrolado e à poluição do meio ambiente, obtém-se um coquetel destruidor que, caso perdure, transformará nosso território inteiro num quase deserto de vida silvestre. Além do Ibama – o órgão oficial nacional para as questões referentes ao meio ambiente –, várias organizações foram criadas nas últimas décadas para interferir nesse processo destrutivo. Uma delas é a SOS Fauna, ONG sediada no município de Juquitiba, em São Paulo.
A SOS Fauna desenvolve vários segmentos de atividade: serviço de inteligência em campo, ações de repressão, primeiros socorros a animais feridos ou doentes devido ao cativeiro, recuperação e devolução de animais silvestres às suas origens, projetos de conservação e mudanças necessárias na legislação ambiental sobre a fauna, entre outras iniciativas.
Para quem deseja de se engajar no combate ao tráfico de animais silvestres brasileiros e de trabalhar procurando soluções, a SOS Fauna abre a possibilidade de ingresso no seu time de voluntários. Procuram-se sobretudo voluntários capazes de colaborar nas áreas do direito, contabilidade e administração, psicologia, marketing e jornalismo. Mas outros setores também precisam ser atendidos. Com freqüência, a ONG recebe lotes de animais apreendidos, para que sejam recuperados e devolvidos, no devido tempo, a seus habitats de origem.
Visite o site da organização: www.sosfauna.org.
Contatos podem ser feitos pelo e-mail: sosfauna@sosfauna.org.
…Dos tempos coloniais
O trafégo de aves originou-se no Brasil colonial. Também Dom Pedro 1º e Dom Pedro 2º usavam mantos de plumas.