Um artigo científico publicado hoje (22) na revista médico-científica “The Lancet” afirmou que não houve melhora significativa na condição de saúde de pacientes medicados com quatro protocolos diferentes de cloroquina e hidroxicloroquina.

Feita por um grupo de cardiologistas, a pesquisa teve como foco identificar arritmias cardíacas e mortalidade hospitalar em pessoas sob o efeito dos medicamentos. O estudo foi realizado em um grupo multinacional de pacientes espalhados por 671 hospitais do mundo. Ao todo, 96.032 pacientes participaram dos testes, dos quais cerca de 15% (14.888 pessoas) foram medicados.

Protocolo 01 – Apenas cloroquinaProtocolo 02 – Cloroquina e antibióticosProtocolo 03 – Apenas hidroxicloroquinaProtocolo 04 – Hidroxicloroquina e antibióticos
1.868 pacientes3.783 pacientes3.016 pacientes6.221 pacientes

 

De acordo com a pesquisa, a mortalidade nos grupos que usaram as diferentes variações de protocolo baseadas na cloroquina ficou em 9,3% – acima do número do grupo de controle, as outras 81.144 pessoas. Nesse grupo, que não foi medicado da mesma maneira, a taxa ficou em 0,3%.

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De acordo com o artigo, condições de saúde preexistentes, como diabetes, doenças cardíacas, índice de massa corporal (IMC), doenças pulmonares e tabagismo não foram consideradas, já que poderiam influenciar nos resultados.

Apesar da indicação de ineficácia dos protocolos que usam combinações de cloroquina e hidroxicloroquina, os autores do levantamento afirmam que a análise ainda não é definitiva, e que mais estudos serão necessários para o diagnóstico final do uso das drogas.

Substâncias

Metabolizada pelo fígado, a cloroquina já é uma droga conhecida e regulada por instituições de saúde mundiais. A substância foi patenteada há cerca de 70 anos, e tem o uso comprovadamente eficaz no combate à malária, artrite reumatoide e nos sintomas de doenças autoimunes, como lúpus. A variação mais nova da cloroquina, a hidroxicloroquina, pode ser tomada por mulheres gestantes, mas provoca efeitos adversos, entre eles náusea, vômitos e, em casos mais severos, arritmia cardíaca.

Estrutura tridimensional da cloroquina: aplicada à covid-19, substância voltou a não mostrar eficiência em estudo com hospitais de todos os continentes. Crédito: BaptisteGrandGrand/Wikimedia