03/07/2020 - 12:20
Astrônomos obtiveram uma nova e impressionante imagem mostrando fogos de artifício celestes no aglomerado estelar G286.21 + 0.17.
A maioria das estrelas do universo, incluindo o Sol, nasceu em grandes aglomerados estelares. Esses aglomerados são os blocos de construção das galáxias, mas sua formação a partir de densas nuvens moleculares ainda é, em grande parte, um mistério.
A imagem do aglomerado G286.21 + 0.17, capturada no ato da formação, é um mosaico de vários comprimentos de onda feito de mais de 750 observações de rádio individuais com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e 9 imagens infravermelhas do Telescópio Espacial Hubble, da Nasa/ESA. O aglomerado está localizado na nebulosa Carina da Via Láctea, a cerca de 8 mil anos-luz de distância.
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Nuvens densas feitas de gás molecular (“fogos de artifício” roxos) são reveladas pelo ALMA. O telescópio observou os movimentos do gás turbulento na direção do aglomerado, formando núcleos densos que finalmente criam estrelas individuais.
Vários estágios de formação
As estrelas na imagem são reveladas por sua luz infravermelha, como vista pelo Hubble. Isso inclui um grande grupo de estrelas saindo de um lado da nuvem. Os fortes ventos e a radiação das estrelas mais massivas estão explodindo as nuvens moleculares. Sobram tênues fragmentos de poeira quente e brilhante (mostrada em amarelo e vermelho).
“Esta imagem mostra estrelas em vários estágios de formação dentro desse único aglomerado”, disse Yu Cheng, da Universidade da Virgínia (EUA), principal autor de dois trabalhos publicados na revista “The Astrophysical Journal”.
O Hubble revelou cerca de mil estrelas recém-formadas com uma ampla gama de massas. Além disso, o ALMA mostrou que há muito mais massa presente no gás denso que ainda precisa sofrer colapso. “No geral, o processo pode levar pelo menos um milhão de anos para ser concluído”, acrescentou Cheng.
“Isso ilustra o quão dinâmico e caótico é o processo de nascimento de estrelas”, disse o coautor Jonathan Tan, da Universidade Chalmers (Suécia) e da Universidade da Virgínia, e principal pesquisador do projeto. “Vemos forças concorrentes em ação: gravidade e turbulência da nuvem de um lado, e ventos estelares e pressão de radiação das estrelas jovens do outro. Esse processo esculpe a região. É incrível pensar que nosso próprio Sol e os planetas eram uma vez parte de uma dança tão cósmica.”
“A fenomenal resolução e sensibilidade do ALMA são evidentes nesta imagem impressionante da formação de estrelas”, disse Joe Pesce, oficial do programa da National Science Foundation (NSF), dos EUA, para o Observatório Nacional de Radioastronomia (NRAO) e o ALMA. “Combinado com os dados do Telescópio Espacial Hubble, podemos ver claramente o poder das observações de vários comprimentos de onda para nos ajudar a entender esses processos universais fundamentais.”