10/07/2020 - 16:39
Os alertas de desmatamento atingiram 1.034 quilômetros quadrados em junho, segundo o Instituto Nacional de Estudos Espaciais (Inpe). É uma área 11% maior do que a verificada em 2019 e o pior mês de junho da série histórica do sistema de monitoramento Deter-B, iniciado em 2015.
O novo pico de desmatamento vem a público dois meses depois do início da Operação Verde Brasil 2, na qual o Exército foi enviado à Amazônia, em tese, para combater crimes ambientais. E um dia depois de o governo se reunir com investidores estrangeiros para tentar tranquilizá-los sobre a situação ambiental do país.
“Enquanto o Planalto se esforça para tentar enganar o mundo de que preserva a Amazônia, a realidade dos números revela que o governo Bolsonaro está colaborando na destruição da maior floresta tropical do planeta”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Sob Bolsonaro, vivemos o pior momento da agenda ambiental de nosso país.”
A área de alertas de desmatamento em 2020, um mês antes do fim do período de apuração dos dados, já é 10% maior do que em todo o ano de 2019. São 7.566 km2 em 11 meses, ante 6.844 km2 nos 12 meses do período anterior (o desmatamento é medido de agosto de um ano a julho do ano seguinte). Caso os alertas em julho se mantenham na média dos últimos quatro anos, a área total em 2020 será maior que 8.500 km2.
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Taxa real maior
Os alertas não são a taxa oficial de desmatamento. Eles são sempre uma subestimativa da real área desmatada, já que o sistema Deter, criado para orientar a fiscalização, é “míope” e não enxerga derrubadas pequenas. Isso significa que a taxa real de desmatamento tende a ser bem maior – em média, 50% maior, mas essa proporção varia muito de ano a ano – do que o visto nos alertas.
No ano passado, os alertas de 6.844 km2 implicaram uma taxa de desmatamento de 10.129 km2, a maior desde 2008. Caso as motosserras sigam em ritmo intenso em julho, a taxa de desmatamento pode ultrapassar os 12 mil km2. Isso é três vezes mais do que o Brasil se comprometeu a atingir em 2020 na Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC), a lei climática nacional.
Em seu comunicado ao governo nesta quinta-feira (9/7), os mais de 30 investidores globais, que detêm ativos de mais de R$ 20 trilhões, disseram ao governo que um dos indicadores que eles avaliariam no comportamento ambiental do Brasil seria o cumprimento da meta de desmatamento da PNMC.