21/07/2020 - 10:26
Pesquisas da Universidade de Liverpool (Reino Unido) revelaram que o comportamento estranho do campo magnético na região do Atlântico Sul já existia entre 8 milhões e 11 milhões de anos atrás. Isso indica que a Anomalia do Atlântico Sul de hoje é uma característica recorrente, e é improvável que ela represente uma reversão iminente do campo magnético da Terra.
A Anomalia do Atlântico Sul é uma área caracterizada por uma redução significativa na força do campo magnético da Terra em comparação com áreas em latitudes geográficas semelhantes. Aqui, a proteção contra radiação nociva do espaço é reduzida. Os sinais mais significativos disso são avarias técnicas a bordo de satélites e naves espaciais.
Em um estudo publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)”, os pesquisadores analisaram o registro do campo magnético da Terra que é preservado em rochas ígneas da ilha Santa Helena, situada no meio da Anomalia do Atlântico Sul.
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Os registros geomagnéticos das rochas que cobrem 34 diferentes erupções vulcânicas ocorridas entre 8 milhões e 11 milhões de anos atrás revelaram que, nesses eventos, a direção do campo magnético de Santa Helena frequentemente apontava para longe do polo norte, como acontece hoje.
Tema de debate
O campo magnético da Terra, ou campo geomagnético, não apenas nos permite navegar com uma bússola, mas também protege nossa atmosfera de partículas carregadas vindas do Sol, o chamado vento solar. No entanto, ele não é completamente estável em termos de força e direção, ao longo do tempo e no espaço, e pode virar ou reverter completamente, com implicações substanciais.
A Anomalia do Atlântico Sul é um tema de debate entre cientistas nesse campo. Além de causar danos à tecnologia espacial, ela também levanta a questão sobre sua origem e se representa o início do enfraquecimento total do campo e uma possível reversão de polo.
Autor principal do artigo, o aluno de doutorado da Universidade de Liverpool Yael Engbers disse: “Nosso estudo fornece a primeira análise de longo prazo do campo magnético nessa região que remonta a milhões de anos. Ele revela que a anomalia no campo magnético no Atlântico Sul não é única – anomalias semelhantes existiam de 8 milhões a 11 milhões de anos atrás”.
Engbers acrescentou: “É a primeira vez que o comportamento irregular do campo geomagnético na região do Atlântico Sul é mostrado em uma escala de tempo tão longa. Isso sugere que a Anomalia do Atlântico Sul é uma característica recorrente e provavelmente não é um sinal de reversão iminente. [A pesquisa] também apoia estudos anteriores que sugerem uma ligação entre a Anomalia do Atlântico Sul e as características sísmicas anômalas na parte inferior do manto e no núcleo externo. Isso nos aproxima de vincular o comportamento do campo geomagnético diretamente às características do interior da Terra”.