31/07/2020 - 11:39
Semelhante a uma borboleta por sua estrutura simétrica, cores bonitas e padrões intricados, essa impressionante bolha de gás – conhecida como NGC 2899 – parece flutuar e esvoaçar pelo céu nesta foto do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO). Esse objeto astronômico nunca havia sido fotografado com detalhes tão impressionantes, com as fracas bordas externas da nebulosa planetária brilhando sobre as estrelas de fundo.
As vastas faixas de gás da NGC 2899 se estendem até um máximo de dois anos-luz do centro, brilhando intensamente na frente das estrelas da Via Láctea, à medida que o gás atinge temperaturas superiores a 10 mil graus. As altas temperaturas têm origem na grande quantidade de radiação da estrela-mãe da nebulosa. Essa radiação faz com que o hidrogênio presente na nebulosa brilhe em um halo avermelhado ao redor do oxigênio, em azul.
Esse objeto está localizado entre 3 mil e 6,5 mil anos-luz de distância, na constelação austral da Vela. Ele tem duas estrelas centrais, supostamente a razão de sua aparência quase simétrica. Depois que uma estrela alcançou o fim de sua vida útil e eliminou suas camadas externas, a outra estrela agora interfere no fluxo de gás, delineando a forma de dois lobos vista aqui. Apenas cerca de 10% a 20% das nebulosas planetárias exibem esse tipo de forma bipolar.
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Vida astronômica curta
Ao contrário do que o nome comum sugere, as nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas. Os primeiros astrônomos a observá-las apenas as descreveram com aparência de planeta. Em vez disso, elas são formadas quando estrelas antigas com até seis vezes a massa de nosso Sol chegam ao fim de suas vidas. Elas então colapsam e liberam “cascas” de gás em expansão, ricas em elementos pesados. A radiação ultravioleta intensa energiza e ilumina essas cascas em movimento. Com isso, elas brilham intensamente por milhares de anos até que se dispersem lentamente pelo espaço. O processo torna as nebulosas planetárias fenômenos de vida relativamente curta nas escalas de tempo astronômicas.
Os astrônomos capturaram esta imagem altamente detalhada da NGC 2899 usando o instrumento FORS instalado no UT1 (Antu), um dos quatro telescópios de 8,2 metros que compõem o VLT do ESO no Chile. A foto foi criada sob o programa ESO Cosmic Gems, uma iniciativa de divulgação para produzir imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atraentes usando telescópios do ESO, para fins de educação e divulgação pública. O programa utiliza o tempo do telescópio que não pode ser usado para observações científicas. Todos os dados coletados também podem ser adequados para fins científicos e são disponibilizados aos astrônomos através do arquivo científico do ESO.