25/08/2020 - 10:36
Uma reanálise de fósseis de um dos sítios paleontológicos mais importantes da Europa revela uma grande diversidade de espécies animais, incluindo um grande macaco terrestre, uma girafa de pescoço curto, rinocerontes, felinos dente-de-sabre e até pangolins.
Essas e outras espécies vagavam pelas pastagens abertas da Europa Oriental durante o início do Pleistoceno, aproximadamente 2 milhões de anos atrás. Em última análise, a equipe internacional de pesquisadores espera que os fósseis forneçam pistas sobre como e quando os primeiros humanos migraram da África para a Eurásia. Reconstruções de ambientes passados como esse também podem ajudar os cientistas a entender melhor as mudanças climáticas futuras.
O trabalho dos pesquisadores foi publicado na revista “Quaternary International”.
LEIA TAMBÉM: Estudo avalia 5 mil anos de história do gato doméstico na Europa Central
“Meus colegas e eu estamos empolgados para chamar a atenção de volta para o sítio fóssil de Grăunceanu e o potencial fóssil do vale do rio Olteţ, na Romênia”, disse Claire Terhune, professora associada de antropologia da Universidade de Arkansas (EUA) e primeira autora do artigo. “É uma comunidade faunística muito diversa. Encontramos vários animais que não tinham sido claramente identificados na área antes, e muitos que não são mais encontrados na Europa. Claro, pensamos que essas descobertas por si só são interessantes, mas também têm implicações importantes para os primeiros humanos que se mudaram para o continente naquela época.”
Interesse renovado
A cerca de 200 quilômetros a oeste da capital romena, Bucareste, o vale do rio Olteţ, incluindo o importante local de Grăunceanu, é um dos depósitos fósseis mais ricos da Europa Oriental. Muitos sítios fósseis no vale do Olteţ, incluindo Grăunceanu, foram descobertos na década de 1960, após deslizamentos de terra causados em parte pelo desmatamento devido ao aumento da atividade agrícola na área.
Arqueólogos e paleontólogos do Instituto de Espeleologia Emil Racoviţă, de Bucareste, escavaram os locais logo após sua descoberta. Os fósseis foram recuperados e armazenados no instituto. Publicações acadêmicas sobre esses locais floresceram nas décadas de 1970 e 1980. Mas o interesse por tais fósseis e locais diminuiu nos últimos 20 a 30 anos, em parte porque muitos registros das escavações e fósseis foram perdidos.
Desde 2012, a equipe internacional, que incluiu Terhune e pesquisadores de Romênia, Estados Unidos, Suécia e França, tem se concentrado nessa importante região fóssil. Seu trabalho incluiu uma ampla identificação de fósseis no instituto e trabalho de campo adicional.
Além das espécies mencionadas acima, os pesquisadores identificaram restos fósseis de animais semelhantes aos modernos alces, bisões, veados, cavalos, avestruzes, porcos e muitos outros. Eles identificaram uma espécie fóssil de pangolim, que se pensava ter existido na Europa durante o início do Pleistoceno, mas não havia sido confirmada até agora. Os pangolins, que lembram uma combinação de tatu e tamanduá, estão em evidência hoje em dia por poderem estar ligados à emergência do vírus da covid-19 entre humanos. Atualmente, esses animais, que estão entre os mais traficados do mundo, são encontrados apenas na Ásia e na África.