02/03/2021 - 12:05
A história de reprodução incomum do maior lagarto vivo da Terra – o dragão-de-komodo – foi revelada em um novo estudo da Universidade Nacional da Austrália. O trabalho foi publicado na revista “Systematic Biology”.
O dragão-de-komodo é mais conhecido por seu tamanho e habilidades de caça. Ele pode atingir três metros de comprimento e ataca búfalos, veados e até mesmo humanos ocasionalmente. Mas não é só isso que o diferencia.
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O novo estudo mostra que, apesar de morar na Indonésia, o dragão-de-komodo provavelmente se originou na Austrália, conforme previsto por achados fósseis anteriores. Mas na Austrália ele se reproduziu com uma espécie diferente de lagarto – um ancestral do lagarto-monitor-de-areia, um tipo de lagarto-monitor (goanna).
O principal autor do estudo, Arlos Pavón-Vázquez, disse que é a primeira evidência clara de que esse tipo de cruzamento, conhecido como hibridização, acontece em lagartos-monitores selvagens.
Efeito de longa duração
“Este estudo prova que a hibridização pode ter um efeito de longa duração”, disse Pavón-Vázquez. “Neste caso, aconteceu há milhões de anos, mas os sinais ainda estão lá nos lagartos-monitores-de-areia. Eles têm mais em comum com o dragão-de-komodo do que você esperaria.”
“Lagartos-monitores-de-areia só ocorrem na Austrália e no sul da Nova Guiné, enquanto o dragão-de-komodo só é encontrado em um punhado de ilhas na Indonésia” prosseguiu Pavón-Vázquez. “Para terem cruzado, eles devem ter vivido juntos algum tempo no passado. (…) Nossos dados apoiam a teoria de que os dragões-de-komodo se originaram na Austrália e então cruzaram para a Indonésia antes de se extinguirem aqui.”
Pavón Vázquez disse que, somados a evidências fósseis anteriores de Queensland, os dados reunidos abalam o que se sabe sobre a biologia dos dragões-de-komodo.
“Anteriormente, presumia-se que o dragão-de-komodo era um bom exemplo do que os biólogos chamam de regra da ilha – com animais menores crescendo em um ambiente insular”, observou ele. “Mas nossas descobertas oferecem evidências mais fortes de que o dragão-de-komodo já era enorme quando se originou na Austrália.
Pavón-Vásquez acrescentou: “Também mostramos como usar diferentes tipos de dados para detectar a hibridização. Isso é crucial porque, quando ocorreu há milhões de anos, pode ser difícil de detectar. Agora podemos dizer olhando para a morfologia e os genes do animal”.