Fazenda hidropônica

A organização Arctic Harvester, formada por quatro estudantes de arquitetura franceses, já pensa em tirar proveito do degelo dos glaciares impulsionado pelo aquecimeno global. A proposta é criar uma embarcação semicircular, com diâmetro de 300 metros, cujo espaço central abrigaria icebergs em derretimento. A água liberada pelos blocos de gelo seria usada em estufas hidropônicas a bordo, incumbidas de produzir frutas e vegetais para aldeias na Groenlândia. Com capacidade para 800 pessoas, já que “mesmo uma fazenda hidropônica precisa de fazendeiros”, o barco seria abastecido por painéis solares. Seu desenho lhe permitiria deslocar-se ao sabor das correntes que movem os icebergs. A ideia é mais arrojada do que prática, mas os estudantes e a consultoria Polaris Analytics estão buscando recursos para fabricar protótipos em pequena escala.

Gene das alturas

Morar a mais de 4 mil metros de altitude (onde há 40% a menos de oxigênio) sem problema não é uma pura questão de adaptação. Os tibetanos têm um gene diferente, o EPAS1, que ajuda a regular as reações corporais a uma atmosfera rarefeita. Cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley descobriram que o gene provém de um ramo de antepassados humanos extinto há 30 mil anos, os denisovanos – um povo originado na caverna Denisova, na Sibéria, onde em 2008 foram encontrados ossos de dedos e dois dentes humanos. “A descoberta sugere que a troca de genes por meio da reprodução com espécies extintas pode ter sido mais importante na evolução humana do que pensávamos”, diz Rasmus Nielsen, professor de biologia computacional que coordenou o estudo, publicado em julho na revista Nature. 

Império ameaçado

O pinguim-imperador, um dos mais conhecidos símbolos da Antártida, corre risco de extinção por conta do aquecimento global, segundo um estudo publicado na revista Nature Climate Change. Uma equipe internacional de cientistas afirma que nenhuma das 45 colônias conhecidas dessas aves estará imune ao derretimento do gelo marinho no fim deste século. Em pelo menos dois terços delas a população provavelmente sofrerá uma queda de mais de 50%. Para Stephanie Jenouvrier, bióloga do Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), dos Estados Unidos, líder do estudo, os pinguins- imperadores deveriam receber o status de espécie ameaçada, para reduzir o impacto na mudança climática sobre a espécie.

Revolução no trânsito

Alegadamente atormentada por congestionamentos, Helsinque, capital da Finlândia, anunciou em julho que pretende transformar seu transporte público em “sistema de mobilidade por encomenda” até 2025. A meta é oferecer opções baratas e coordenadas de transporte, como veículos sem motorista, bicicletas, micro-ônibus e balsas. Os usuários comprariam passagens em tempo real, via smartphone, informando origem, destino e preferências. Um aplicativo traçaria a melhor rota e faria a cobrança. O embrião do novo sistema é o Kutsuplus, o serviço municipal de micro-ônibus lançado em 2013 que coleta, via smartphone, os pontos de partida e chegada dos passageiros e traça a rota mais adequada ao grupo. Smartphones e aplicativos ainda são inacessíveis para muitos passageiros ao redor do mundo, mas a iniciativa certamente atrairá a atenção. 

Epidemia letal

A mais mortífera epidemia do vírus ebola da história infectou 844 pessoas e matou 518 de fevereiro até 8 de julho deste ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os casos se concentram em três países da África Ocidental: Libéria, Serra Leoa e Guiné. A OMS reconhece a dificuldade em combater a transmissão dessa febre hemorrágica, que ocorre sobretudo por meio das pessoas que cuidam de parentes em casa e dos participantes de funerais. O ebola se espalha pelo contato com fluidos de pessoas ou animais infectados, e seu índice de mortalidade chega a 90%. Não há vacina nem cura para o problema, se ele não for tratado no estágio inicial. No começo de julho, 11 países da África Ocidental definiram uma estratégia comum para combater a doença, e a OMS criou um centro de controle sub-regional na Guiné para coordenar o suporte técnico necessário.

Paquera ou assédio?

A americana Whitney Wolfe, ex-vice-presidente de marketing da tinder, a empresa que criou um controvertido aplicativo de paquera, entrou com uma ação contra a companhia por assédio sexual e discriminação. Segundo ela, seu ex-chefe – e ex-namorado –, o diretor de marketing Justin Mateen, a humilhava. Chegou a chamá-la de “prostituta” diante do presidente da empresa, Sean Rad, que não deu ouvidos aos protestos da moça. Whitney alega que, embora tenha trabalhado no projeto do aplicativo desde o início, foi impedida de ter o crédito de cofundadora, sob a justificativa de que, como tinha apenas 24 anos na época, poderia “reduzir o valor de mercado da empresa”. Whitney deixou a companhia em abril e pleiteia compensação financeira por sair do emprego e indenização por danos morais. Empresa suspendeu Mateen, mas afirma que as acusações da moça não procedem.

Apoio ao exorcismo

o exorcismo – o rito católico que retira de pessoas, lugares ou coisas as entidades maléficas que as atormentam – ganhou um endosso do papa francisco em julho. a associação internacional de Exorcistas (aiE), organização fundada em 1990 por um dos mais famosos exorcistas do mundo, o padre italiano gabriele amorth, teve seus estatutos aprovados em junho pela Congregação para o Clero do vaticano. a iniciativa implica o reconhecimento legal da execução do exorcismo, definido pelo reverendo francesco Bamonte, presidente da aiE, como “uma forma de caridade que beneficia aqueles que sofrem.”Mais do que seus antecessores, o papa francisco fala frequentemente sobre a ação de Satã no mundo. a aiE reúne atualmente 250 sacerdotes em 30 países. 

Horror ao silêncio 

A jovem população plugada moderna não gosta de ficar em ambiente silencioso às voltas com os pensamentos. Pesquisadores da Universidade da Virgínia (EUA) reuniram 36 voluntários, homens e mulheres com idade entre 18 e 77 anos, e os puseram em salas com um eletrodo preso no tornozelo, que produzia um choque de nove volts previamente experimentado por todos. Por 15 minutos, eles deveriam distrair-se com suas reflexões ou, se quisessem, aplicar-se choques (considerados doloridos). Para espanto dos cientistas, 12 dos 18 homens  e 6 das 24 mulheres deram-se entre um e quatro choques durante o teste. A maioria dos participantes se disse entediada e afirmou que tomar choques era melhor que a chateação. O estudo, publicado na revista Science, mostrou, também, que praticantes de atividades como meditação ou ioga não tiveram dificuldades no experimento.

Suco de brócolis

Brócolis pode não ser uma coqueluche gastronômica, mas não há como contestar suas qualidades. Em junho, a revista Cancer Prevention Research divulgou mais uma: um estudo de cientistas americanos e chineses mostrou que uma dose diária de “bebida de broto de brócolis” ajuda a remover do corpo, via urina, duas substâncias poluentes do ar, o benzeno e a acroleína. O feito é atribuído a um composto encontrado nos brócolis e nas couves de folhas, o sulforafano, cuja presença, em alta concentração, acelera a capacidade natural humana de se adaptar às toxinas. Aos interessados, não dá para trocar o broto pela planta normal: três gramas contêm a mesma quantidade de sulforafano presente em 150 gramas de brócolis. No experimento, a bebida levava, além do broto em pó, água, abacaxi e suco de lima – para disfarçar o gosto, explicam os cientistas. Apesar de politicamente correta, dificilmente virará um drinque popular. 

Erupções no gelo

Cientistas americanos descobriram quais foram as maiores erupções vulcânicas em 2 mil anos analisando depósitos de pó de sulfato em colunas cilíndricas de gelo extraídas por perfurações no manto da antártida ocidental. o estudo, publicado em julho na revista Nature Climate Change, revelou que desde o ano 1 d.C. houve 116 erupções suficientemente fortes para fazer o pó de sulfato viajar até o Polo Sul. a campeã foi a erupção do ano 1257 no Samalas, na indonésia, que lançou mais de 70 quilos de pó de sulfato por quilômetro quadrado. a vice-líder foi a erupção de 1458 do kawae (vanuatu) e a terceira colocada, a de 1815 do vulcão tambora (indonésia). Não é possível precisar as demais erupções, mas cruzamentos com linhas do tempo sugerem algumas possibilidades.


                  

Yeti em baixa

Não se sabe se o yeti (o “Abominável Homem das Neves”) e seus “parentes” – o pé-grande dos Estados Unidos, o sasquatch do Canadá e o almasty russo – existem, mas a análise do DNA de pelos atribuídos a eles mostrou que o material tinha origens diversas. Segundo um estudo na Proceedings of the Royal Society, os pelos provinham de vacas, cavalos, cães, ovelhas, guaxinins, de um porco-espinho, de um tapir-malaio e até de um ser humano. Duas amostras, do Butão e do Himalaia indiano, intrigam: os DNAs combinam com o de fósseis de um urso-polar de 40 mil anos. Pode haver escendentes à solta no Himalaia.

França X Burca

A Corte Europeia de Direitos Humanos decidiu, em julho, que é válida a lei francesa de 2010 que proíbe as pessoas de ocultar o rosto em locais públicos. A ação fora impetrada por uma muçulmana não identificada, que alegava que a norma fere a liberdade religiosa, por impedir, na prática, o uso da burca e do véu integral. Em sua defesa, o governo francês declarou que a lei, proposta para aumentar a segurança coletiva, não se limita a trajes islâmicos: vale também, por exemplo, para capacetes de motociclistas. A Corte sentenciou que, embora “possa acarretar efeitos negativos específicos sobre as mulheres muçulmanas”, a lei “promove a harmonia entre povos diversos” e não contraria a Convenção Europeia de Direitos Humanos. País de maior população islâmica da Europa Ocidental, a França tem 65 milhões de habitantes, entre os quais cinco milhões de muçulmanos. Mas apenas 2 mil usam burcas ou véus integrais em público. 

 

Índice de bom paiís 

Mais um índice de qualidade de vida por países estreia na mídia: o good Country index, criado pelo conselheiro político britânico Simon anholt, responsável por respeitados estudos sobre a reputação de países, estados e cidades. o índice analisa 35 tipos de dados, obtidos de fontes como oNu, Banco Mundial e organizações internacionais e não governamentais. Os pesquisadores consideram o tamanho da economia do país e analisam suas contribuições globais em termos de ciência e tecnologia, cultura, segurança e paz internacional, ordem mundial, planeta e clima, prosperidade e igualdade, e saúde e bem-estar. Anholt espera que seu índice estimule os países a pensar no impacto global de suas ações. Nove dos dez primeiros colocados estão na Europa ocidental, entre
os quais a líder irlanda. os Eua ocupam um discreto 21º lugar, por conta de notas ruins em paz mundial e segurança. O Brasil está no ainda mais discreto 49º posto, atrás de Costa Rica (22º), Chile (24º) e uruguai (41º). Confira os melhores e os piores da lista.