04/09/2014 - 10:11
Os centros de decisão da sociedade podem ser majestosos, modestos, representativos, acessíveis, dissimulados ou sigilosos. O poder circula em algumas das salas mais influentes do mundo que o fotógrafo Lucas Zanier registrou em silêncio.
Assembleia Geral da ONU, Nova York
O milionário John D. Rockefeller pagou US$ 8,5 milhões pelos 2,8 hectares de um matadouro situado às margens do rio Hudson, para doá-los à Organização das Nações Unidas, em 1946. A Assembleia Geral é a única instituição da ONU em que todos os países têm representação igual. Sua sala, com capacidade para 1,8 mil pessoas, já foi palco de inúmeros discursos históricos. O brasileiro Oswaldo Aranha, por exemplo, foi o presidente da II Assembleia Geral que aprovou a criação do Estado de Israel, em 1947. Em 1960, o primeiro-ministro soviético Nikita Kruschev tirou o sapato e golpeou o púlpito para reclamar dos Estados Unidos. No mesmo ano, Fidel Castro proferiu o mais longo discurso já feito numa assembleia da ONU: 4 horas e 29 minutos.
Comitê Executivo da Fifa, Zurique, Suiça
A sala de comando da poderosa Federação Internacional de Futebol Associado regula as associações do esporte mais popular do mundo nas modalidades futsal, futebol de areia, futebol de praia e futebol de estádio. Em termos arquitetônicos, parece inspirada no filme Doutor Fantástico (Doctor Strangelove), de Stanley Kubrick. A diretoria da Fifa é composta por 32 pessoas, 1 presidente (o suíço Joseph Blatter), 8 vice-presidentes e 23 membros que se reúnem duas vezes por ano e elegem o secretário-geral (atualmente, o francês Jérôme Valcke). Todos sentam sob um candelabro circular de cristal no recinto situado no subsolo do edifício-sede. É quase um bunker da Guerra Fria.
Plenário do Partido Comunista Francês, Paris
Em 1971, o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer construiu a celebrada sede do Partido Comunista Francês (PCF), no 19º arrondissement de Paris, considerada um marco arquitetônico. O plenário da assembleia-geral só ficou pronto em 1980. Aqui os delegados do partido fundado em 1920 e dirigido, de 1972 a 1994, pelo secretário-geral George Marchais viveram momentos de glória e declínio. Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, o PCF tornou-se uma força política inexpressiva. Em 2012, nas últimas eleições para a Assembleia Nacional, conquistou apenas sete dos 577 postos de deputado. Atualmente, o partido possui 138 mil membros.
Confederação Geral do Trabalho (CGT), Paris
Fundada em 1895 por militantes anarquistas liderados pelo filósofo Pierre-Joseph Proudhon, adversário de Karl Marx, a CGT é a mais antiga das cinco centrais sindicais da França. Depois de décadas de expectativa revolucionária frustrada, nos anos 1990, depois da queda do Muro de Berlim, a entidade cortou seus vínculos com o Partido Comunista Francês e assumiu uma linha moderada, concentrando sua atenção nos sindicatos do setor privado. A CGT possui 720 mil membros inscritos. Sua sede futurista no bairro de Montreuil, em Paris, continua a discutir temas importantes do mundo do trabalho, como a automação e as tecnologias de informação.
Conselho de Segurança da ONU, Nova York
O Conselho de Segurança das Nações Unidas zela pela paz mundial, podendo adotar decisões obrigatórias para os Estados-membros e autorizar intervenções militares como a ocupação do Iraque em 2003, liderada pelos Estados Unidos, e a missão para a estabilização do Haiti, comandada pelo Brasil em 2004. É composto por 15 membros eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos (que sentam no centro), cinco dos quais são membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e República Popular da China. O Brasil pleiteia, há anos, um lugar entre os 15 do Conselho.