10/06/2015 - 15:08
A história de J. K. Rowling, a celebrada autora da série Harry Potter, é um espetacular caso de sucesso. Seu livro mais recente, Very Good Lives: The Fringe Benefits of Failure and the Importance of Imagination (Vidas Muito Boas: Os Benefícios Adicionais do Fracasso e a Importância da Imaginação), lançado em abril pela editora Little, Brown, toca nesse assunto de uma forma muito especial: trata-se do discurso de paraninfa que ela proferiu em 2008 na Universidade Harvard, o mais visto do gênero no website da instituição.
Na fala, a escritora relembrou que a própria família classificava sua imaginação como “uma divertida ideia fixa que nunca pagaria uma hipoteca ou conseguiria uma aposentadoria”. Aos 28 anos de idade, sete anos após formar-se em Francês e Línguas Clássicas pela Universidade de Exeter, ela se viu no fundo do poço: recém-divorciada, com uma filha pequena para criar, desempregada e dependente do sistema de benefícios sociais britânico. Mas ela não se dobrou às dificuldades e construiu um exemplo luminosamente inspirador, tanto para alunos recém-formados quanto para adultos em busca de saídas para uma fase escura da vida. Confira a seguir 12 dos trechos mais memoráveis desse discurso.
1 – É impossível viver sem falhar em alguma coisa, a menos que você viva tão cautelosamente que poderia muito bem não ter vivido em absoluto – e nesse caso, você falha por não comparecimento.
2 – Existe um prazo de validade em culpar os seus pais por tentarem conduzi-lo para a direção errada; no momento em que você tem idade suficiente para assumir o volante, a responsabilidade recai sobre si.
3 – Não sou estúpida o bastante para supor que porque vocês são jovens, talentosos e bem-educados, nunca conheceram a angústia ou o desgosto. O talento e a inteligência nunca inocularam ninguém contra o capricho das Moiras (as deusas do destino).
4 – O fracasso significou um despojamento do não essencial. Parei de fingir para mim mesma que eu era algo além do que eu era e comecei a dirigir toda a minha energia para terminar o único trabalho que importava para mim. Se eu realmente fosse ter sucesso em qualquer outra coisa, poderia nunca ter encontrado a determinação para ter sucesso na única arena à qual eu acreditava que realmente pertencia.
5 – Eu estava livre, porque meu maior medo já havia se concretizado e eu ainda estava viva, e ainda tinha uma filha que adorava, e tinha uma velha máquina de escrever e uma grande ideia. E essa base mínima se tornou a fundação sólida sobre a qual reconstruí a minha vida.
6 – Não vou ficar aqui e dizer-lhes que o fracasso é divertido. Aquele período da minha vida foi sombrio, e eu não tinha a menor ideia daquilo que viria a ser aquilo que a imprensa desde então tem apresentado como uma espécie de solução de conto de fadas.
7 – Nós não precisamos de magia para transformar o mundo. Já trazemos todo o poder de que necessitamos dentro de nós mesmos: possuímos o poder de imaginar melhor.
8 – Em todos os dias da minha semana de trabalho, quando estava na primeira metade dos meus 20 anos, eu era lembrada de como era incrivelmente afortunada de viver em um país com um governo eleito de forma democrática, no qual a representação legal e um julgamento público constituem direitos de qualquer indivíduo.
9 – Aqueles que escolhem não ter empatia permitem a criação de verdadeiros monstros. Pois mesmo que não cometamos um ato maldoso, compactuamos com ele, por meio da nossa própria apatia.
10 – Muitos preferem não exercitar nunca a sua imaginação. Eles escolhem permanecer confortavelmente dentro dos limites da sua própria experiência, nunca se importando em saber como se sentiriam se tivesse nascido outra pessoa que não eles mesmos.
11 – Uma das muitas coisas que aprendi no fim daquele corredor de Clássicos no qual me aventurei quando tinha 18 anos de idade em busca de algo que não conseguia definir então foi isto, escrito pelo autor grego Plutarco: “O que realizamos interiormente mudará a realidade exterior”. Essa é uma declaração surpreendente e ainda assim comprovada mil vezes a cada dia das nossas vidas. Ela expressa, em parte, nossa conexão inevitável com o mundo exterior, o fato de que tocamos as vidas de outras pessoas simplesmente por existir.
12 – A vida é como um conto: o que importa não é a sua duração, mas a sua qualidade.