O suporte online inicial para o Boogaloos, um dos grupos implicados no ataque de janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos, seguiu o mesmo padrão matemático do Estado Islâmico (EI), apesar das fortes diferenças ideológicas, geográficas e culturais entre suas formas de extremismo. Essa é a conclusão de um novo estudo de pesquisadores da Universidade George Washington (EUA). Um artigo sobre ele foi publicado na revista Scientific Reports.

“Este estudo ajuda a fornecer uma melhor compreensão do surgimento de movimentos extremistas nos Estados Unidos e em todo o mundo”, disse Neil Johnson, professor de física da Universidade George Washington. “Ao identificarem padrões comuns ocultos no que parecem ser movimentos completamente não relacionados, com uma descrição matemática rigorosa de como eles se desenvolvem, nossas descobertas podem ajudar as plataformas de mídia social a interromper o crescimento desses grupos extremistas”, disse Johnson, que também é pesquisador no Institute for Data, Democracy & Politics da Universidade George Washington.

O estudo compara o crescimento do Boogaloos, grupo extremista com sede nos Estados Unidos, ao apoio online para o EI, organização terrorista militante com sede no Oriente Médio. Os Boogaloos são um movimento pró-direitos das armas vagamente organizado que se prepara para a guerra civil nos Estados Unidos. Em contraste, o EI adere a uma ideologia específica, uma forma radicalizada do Islã, e é responsável por ataques terroristas em todo o mundo.

Políticas específicas

Johnson e sua equipe coletaram dados observando comunidades públicas online em plataformas de mídia social para o Boogaloos e o EI. Eles descobriram que a evolução de ambos os movimentos segue uma única equação matemática de onda de choque.

Os resultados sugerem a necessidade de políticas específicas destinadas a limitar o crescimento de tais movimentos extremistas. Os pesquisadores apontam que o extremismo online pode levar à violência no mundo real. Um exemplo foi o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, que incluiu membros do movimento Boogaloo e de outros grupos extremistas dos EUA.

As plataformas de mídia social têm lutado para controlar o crescimento do extremismo online, de acordo com Johnson. Eles costumam usar uma combinação de moderação de conteúdo e promoção ativa de usuários que fornecem contramensagens. Os pesquisadores apontam as limitações de ambas as abordagens e sugerem que novas estratégias são necessárias para combater essa ameaça crescente.

“Um aspecto-chave que identificamos é como esses grupos extremistas se reúnem e se combinam em comunidades, uma qualidade que chamamos de ‘química coletiva’”, disse Yonatan Lupu, professor associado de ciência política da Universidade George Washington e coautor do artigo. “Apesar das diferenças sociológicas e ideológicas nesses grupos, eles compartilham uma química coletiva semelhante em termos de como as comunidades crescem. Esse conhecimento é a chave para identificar como retardá-los ou mesmo impedir que se formem.”