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O biólogo, cinegrafista e fotógrafo Cristian Dimitrius é conhecido pelo quadro “Domingão Aventura” do programa Domingão do Faustão, na TV Globo, em que apresenta histórias curiosas de animais pelo mundo afora para uma audiên­cia média de 1 milhão de pessoas. Ainda assim, ele acredita que uma foto tem mais impacto do que vários minutos de vídeo. “O vídeo permite contar uma história, mas demanda um tempo da pessoa.” Já uma foto, para ele, é instantânea e tem maior poder de disseminação. “Só de olhar uma imagem, ela já passa uma história inteira. E é mais fácil de compartilhar. Por isso comecei a trabalhar com fotografia”, diz.

Seu terceiro livro de imagens, Brasil Selvagem (Editora Cultura Sustentável), foi lançado no fim do ano passado. A ideia para ele surgiu durante projetos de filmagens pelo país, ao longo de seis anos, em que Dimitrius aproveitava para tirar fotos. Assim, reuniu um acervo interessante com imagens da fauna, flora e ecossistema dos biomas do Brasil, sempre relacionando os animais ao seu ambiente. “Com as viagens, fui vendo que o brasileiro sabe pouco dos biomas nacionais. A maior parte das crianças, por exemplo, conhece mais os animais da África do que os nossos biomas”, conta. Depois de ter seu projeto aprovado em 2014, fez outras viagens especificamente para o livro.

Dimitrius considera que a questão principal para as pessoas se apaixonarem pela natureza e passarem a se preocupar em preservá-la está na educação. “A gente só vai amar aquilo que conhece”, crava. Seu propósito é que esse trabalho sirva como mais uma ferramenta para as pessoas se apaixonarem pelo país. E, em uma escala maior, divulgando mais a natureza, ajude a mudar o caminho para o qual a Terra está sendo levada. “Estamos em um momento crítico. Os próximos 10 a 15 anos são mais definitivos que os próximos 10 mil anos. Tudo o que temos de fazer, temos de fazer agora. Nós, os humanos, somos os agentes de mudança atual. Nós somos o meteoro. Mas podemos escolher o caminho que vamos seguir”, afirma.

Multiconhecimento

A ligação de Dimitrius com a natureza já vinha de muito antes, desde criancinha. Nascido no interior de Minas Gerais, sempre se divertiu no meio do mato. Com 9 anos se tornou escoteiro, e quando adolescente começou a explorar esportes ao ar livre, como mountain bike, escalada e mergulho, o que o levou a se profissionalizar nessa área. Começou a produzir vídeos de natureza quando trabalhava como guia e instrutor de mergulho, há cerca de 20 anos. “Levava as pessoas para a natureza, fazia imagens delas lá, e essas pessoas levavam um pouco da natureza para a casa e compartilhavam com os outros. Com o tempo, pensei em inverter isso, e levar a natureza até as pessoas”, lembra.

Estudar biologia lhe garantiu um conhecimento mais profundo da natureza. “Isso me ajuda muito a entender o que estou filmando, me permite ir além e captar algo que outras pessoas talvez não consigam perceber”, comenta. Mas confessa que depende muito dos guias locais para fazer seu trabalho. “Sem eles, não consigo quase nenhuma imagem. São os guias que levam a gente ao lugar certo, que conhecem os animais às vezes até pelo nome e sabem onde posso conseguir a imagem que estou buscando.”

Dimitrius também é formado em psicologia, programação neurolinguística (PNL) e administração. Não era seu objetivo trabalhar especificamente em nenhuma das áreas que estudou. Mas ele acredita que elas permitem um melhor desenvolvimento pessoal e são fundamentais para gerir uma carreira, uma empresa, a vida e os relacionamentos em geral. Seu próximo livro, programado para este ano, vai aliar muitos desses conhecimentos. “O mote será como a natureza pode ajudar a pessoa a ter sucesso.”