As perdas com o aquecimento

AFP
Inundação na França em 2010: o acúmulo de eventos climáticos extremos como esse pode ameaçar a economia global no futuro

Talvez assim líderes mundiais complacentes quanto ao aquecimento global compreendam, enfim, a gravidade da situação. Um estudo da London School of Economics publicado em abril na revista Nature Climate Change conclui que US$ 2,5 trilhões em ativos financeiros mundiais estarão sujeitos aos riscos da mudança climática se a temperatura média da Terra subir 2,5o C até 2100. Nos piores cenários simulados, as perdas poderiam chegar a US$ 24 trilhões, ou 17% dos recursos financeiros do planeta, com risco de arruinar a economia global.

Já se as medidas para limitar o aumento a 2° C funcionarem, a perda seria de US$ 1,7 trilhão. “Mesmo quando levamos em conta o impacto financeiro dos esforços para reduzir as emissões, ainda percebemos que o valor esperado dos ativos financeiros é maior em um mundo que limita o aquecimento a 2° C”, afirma o professor Simon Dietz, coautor do estudo. “Isso significa que os investidores que não se importam com riscos optariam pela redução das emissões e os investidores avessos ao risco estariam ainda mais ansiosos para fazê-lo.” Dietz reconhece, porém, que a consciência do setor financeiro sobre a questão ainda é baixa.

 

Extinção suspensa

A fêmea capturada: há mais de 40 anos não se via essa espécie em Bornéu
A fêmea capturada: há mais de 40 anos não se via essa espécie em Bornéu

Membros do World Wildlife Fund (WWF) informaram em março ter encontrado um rinoceronte-de-sumatra em Kalimantan, a parte indonésia da ilha de Bornéu, pela primeira vez em mais de 40 anos. Pensou-se por muito tempo que o animal estava extinto na região, mas três anos atrás ele foi flagrado por câmeras colocadas na floresta. Calcula-se que haja apenas 100 rinocerontes-de-sumatra espalhados na natureza, um número considerado insuficiente para a continuidade da espécie. Depois de identificado, o animal (uma fêmea de 4 ou 5 anos de idade) foi solto a mais de 100 quilômetros de distância do ponto de encontro, para evitar que caçadores o localizassem. A Malásia declarou em 2015 que o rinoceronte-de-sumatra estava extinto na sua parte de Bornéu.

 

1PL520_VOLTAA7mil pombas poderão ser mortas por caçadores nesta primavera em Malta, por permissão do governo local. A ave entrou recentemente na lista vermelha das espécies em risco da União Internacional para a Conservação da Natureza. O governo maltês estaria tomando “medidas especiais” para reduzir o impacto da autorização na cadente população de pombas do país.

 

Reação vagarosa

Salman Rushdie
Salman Rushdie

Depois de 27 anos, a Academia Sueca, que elege os vencedores do Prêmio Nobel de Litertura, condenou o decreto religioso (fatwa) que sentencia à morte o escritor britânico Salman Rushdie. Emitida pelo aiatolá iraniano Ruhollah Khomeini em 1989, a fatwa se baseia numa suposta blasfêmia contra o Islã cometida pelo escritor no livro Os Versos Satânicos. Alegando ter um código antienvolvimento político, a Academia redigiu um comunicado naquele ano no qual defendia a liberdade de expressão, mas não assumia claramente uma posição pró-Rushdie. O gesto levou dois membros a deixar a entidade, em sinal de protesto. Em 24 de março, a Academia enfim denunciou a fatwa e a recompensa pelo assassinato do escritor como “violações flagrantes na lei internacional”. A razão para a mudança é desconhecida, mas o texto divulgado cita o recente aumento no valor da recompensa, que agora é de US$ 600 mil.

 

Lembrança devolvida

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O hábito de levar seixos das praias de uma área turística no litoral leste de Taiwan como recordação começou a ser reprimido pelo governo local. Desde março, os responsáveis pela Administração da Área Cênica Nacional da Costa Leste estão confiscando as pedras retiradas pelos turistas e recolocando-as nas praias. A rigorosa medida é uma das iniciativas destinadas a preservar as praias da região.

 

1PL520_VOLTAA8milhões de pessoas enfrentarão a fome no sul e no leste da África por causa da pior seca da história em décadas nessas áreas, alertou a ONU em março. A causa do problema, de acordo com os especialistas, é o mesmo fenômeno El Niño que, no último verão, foi o responsável por chuvas torrenciais no Sul e no Sudeste do Brasil.

 

No bom caminho

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Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado em março é um marco histórico para as energias renováveis. Segundo o estudo “Tendências Globais no Investimento em Energia Renovável 2016”, o valor investido em instalações geradoras desse tipo de energia em 2015 no mundo foi mais que o dobro do aplicado na construção de termelétricas movidas a combustíveis fósseis (US$ 286 bilhões ante US$ 130 bilhões). Foi a primeira vez que a energia renovável recebeu a maior parte do dinheiro aplicado nas usinas de eletricidade em construção no planeta, e a primeira vez que os investimentos no setor em países em desenvolvimento superaram aqueles feitos em nações desenvolvidas (US$ 156 bilhões ante US$ 130 bilhões). Detalhe importante: os números não consideram aplicações em grandes hidrelétricas, concentrando-se em energia solar, eólica e biomassa. Conheça outros destaques do relatório a seguir.

 

Frota elétrica

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Ed Murray, prefeito de Seattle (cidade do noroeste dos Estados Unidos onde ficam as sedes da Amazon e da Starbucks), anunciou em março um “plano agressivo” para fazer o número de veículos elétricos no município chegar a 15 mil até 2025. O transporte responde hoje por 65% das emissões de gases-estufa na cidade, volume que cairia 50% com a aplicação do plano. Além do estímulo ao uso de veículos elétricos particulares, a estratégia de Murray inclui a eletrificação da maior parte do sistema público de transporte, sempre baseando-se no sistema de fornecimento de energia da cidade, que é neutro em carbono. O prefeito calcula que mais de 450 mil litros de gasolina consumidos pela frota local a cada ano serão substituídos pela eletricidade.