23/07/2021 - 12:13
Como uma imagem da natureza ganha seu brilho de beleza? Sabemos que a visão de belas paisagens envolve os sistemas de recompensa do cérebro. Mas como o cérebro transforma os sinais visuais em estéticos? Por que percebemos uma vista de montanha ou nuvens passageiras como belas? Uma equipe de pesquisa do Instituto Max Planck de Estética Empírica (Alemanha) abordou essa questão e investigou como nossos cérebros passam de apenas ver uma paisagem para sentir seu impacto estético. Suas conclusões estão em artigo publicado na revista Frontiers in Human Neuroscience.
Em seu estudo, os pesquisadores apresentaram vídeos de paisagens artísticas a 24 participantes. Usando imagens de ressonância magnética funcional (fMRI), eles mediram a atividade cerebral dos participantes enquanto assistiam e classificavam os vídeos.
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O primeiro autor, A. Ilkay Isik, explicou que “esperava-se que os sinais estéticos se limitassem aos sistemas de recompensa do cérebro, mas, surpreendentemente, já os encontramos presentes em áreas visuais do cérebro enquanto os participantes assistiam aos vídeos. As ativações ocorreram bem ao lado de regiões do cérebro encarregadas do reconhecimento de características físicas em filmes, como o layout de uma cena ou a presença de movimento”.
‘Átomos’ de afeto
O autor sênior Edward Vessel sugeriu que esses sinais podem refletir uma forma elementar de percepção da beleza. Segundo ele, “quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação de muitos desses sinais de surpresa em todo o sistema visual contribui para criar uma experiência esteticamente atraente”.
Com esse novo conhecimento, o estudo não só contribui para a nossa compreensão da beleza. Ele também pode ajudar a esclarecer como as interações com o ambiente natural podem afetar nossa sensação de bem-estar. Os resultados podem ter aplicações potenciais em uma variedade de campos em que a ligação entre percepção e emoção é importante, como cuidados de saúde clínicos e inteligência artificial.