30/09/2021 - 10:05
O Pantanal, a maior planície úmida da Terra, está ficando mais seco. De acordo com análise do MapBiomas, o total da área coberta por água e campos alagados entre a cheia de 1988/1989 e a mais recente, em 2018, caiu 29%, de 5,9 milhões de hectares para 4,1 milhões. No ano passado, essa área somou cerca de 1,5 milhão de hectares, o menor índice dos últimos 36 anos.
Não à toa, o Pantanal mais seco tem facilitado a ocorrência e a disseminação de incêndios. Desde 1985, o bioma teve 57% de seu território com pelo menos um registro de fogo, o equivalente a 86,4 mil km2. Ao todo, 93% do fogo ocorreu na vegetação nativa.
No ano passado, o Pantanal experimentou sua pior temporada de incêndios deste século, com 2,3 milhões de hectares queimados; na série histórica do MapBiomas, 2020 perde apenas para 1999, quando o bioma registrou 2,5 milhões de hectares incendiados.
Ciclos comprometidos
A análise também mostrou a diferença de área nativa preservada entre a planície e o planalto, onde ficam as cabeceiras da Bacia do Alto Paraguai. Enquanto mais de 83% da planície estava coberta por vegetação preservada em 2020, essa cobertura era de apenas 43,4% no planalto. “A conservação do Pantanal, sua cultura e seu uso tradicional dependem dos ciclos de inundações e dos rios que nascem na região do planalto”, explicou Eduardo Rosa, do MapBiomas. Os dados tiveram destaque em CNN Brasil, G1 e Metrópoles, entre outros.
Enquanto isso, Alfredo Mergulhão informou n’O Globo do trabalho de organizações da sociedade civil para fazer aquilo que há pouco seria impensável para a vida pantaneira: trazer água de outro local para matar a sede dos animais. Cerca de 300 mil litros de água foram despejados em áreas alagáveis embaixo de pontes para permitir que os animais se refresquem do forte calor e do ar seco. “É um trabalho paliativo, o volume que a gente consegue colocar é infinitamente menor do que precisa”, observou o veterinário Jorge Salomão, da ONG Ampara Silvestre. “Dois, três dias depois, já seca novamente. O único jeito de resolver é a chuva mesmo.”
Ambientalistas pediram ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, urgência no julgamento de uma ação contra o governo federal por conta da omissão no combate às queimadas no Pantanal. A ação foi apresentada em junho e encaminhada para o então ministro Marco Aurélio Mello. No entanto, desde sua saída da Corte, o caso não foi repassado para outro relator, deixando a ação em um limbo jurídico até que o sucessor de Mello assuma a cadeira no STF. O Globo deu mais informações.
Em tempo: Vale a pena conferir a edição recente do programa Profissão Repórter (TV Globo), que mostrou o trabalho de bombeiros, brigadistas e ambientalistas contra os incêndios no Pantanal, além do resgate de animais atingidos pelo fogo. Uma das regiões visitadas pela reportagem foi a do Parque Estadual Encontro das Águas (MS), a maior reserva de onças-pintadas do mundo, que teve 85% de sua área queimada nos incêndios do ano passado.