30/08/2016 - 19:19
É extensa a lista de famosos e poderosos que o fotógrafo Paulo Fridman já retratou com sua câmera em trabalhos publicitários, corporativos e encomendados por publicações americanas, europeias e brasileiras. Mas é com anônimos e desconhecidos que prefere realizar seus trabalhos autorais. No último deles, que se tornou o livro O Segredo do Meu Sucesso, lançado no fim de 2015 por meio de financiamento da Lei Rouanet, o conceituado retratista paulistano enfocou trabalhadores das mais variadas ocupações pelo Brasil afora.
“Normalmente, quando faço um retrato fico um bom tempo com o personagem, para conhecê-lo. É um processo longo e criativo. Com as fotos dos trabalhadores não foi assim”, diz Fridman. Grande parte das oportunidades surgiu por acaso. Muitas vezes a cena já se mostrou pronta para o fotógrafo. Em outras ocasiões, ele encontrou até assistente para ajudar a reunir os elementos da imagem.
Mantendo a uniformidade da posição vertical, enquadramento de corpo inteiro e luz de apoio – equipamento que levava sempre consigo –, cerca de cinco disparos, no máximo dez, de cada personagem foram suficientes. O objetivo era captar a essência da série: mostrar a dignidade das pessoas mesmo nas atividades mais simples que possam ser exercidas. “O povo brasileiro é incrível. A receptividade, em geral, é muito grande. Quase nenhum se recusou quando pedi para tirar a foto. Todos se mostraram contentes e confortáveis com o que estavam fazendo, porque estavam na situação em que são eles”, afirma Fridman. “As roupas davam um livro à parte”, acrescenta.
Esse trabalho antropológico e etnológico se espalhou pelo mundo, rendendo retratos curiosos de atividades exercidas em outros países, como as que ilustram esta matéria. As imagens devem compor uma exposição, em breve (ainda sem data e local definidos). “Aproveitei viagens a trabalho e pessoais para fazer as fotos. Rodei bastante dentro e fora do Brasil”, conta.
HISTÓRIA DE VIDA
Antes de decidir apostar na fotografia, Fridman passou por outras áreas. Ele deu duas oportunidades para a engenharia civil, faculdade em que se formou com 22 anos. Também incursionou no mundo da música profissional, tendo tocado em cruzeiros, mas achou que não poderia viver dessa arte. O grande estímulo para as câmeras veio de um concurso de fotos, em que ficou com o segundo e o terceiro lugares. “Depois disso, tive vontade de me aprofundar e seguir carreira.”
Aos 24 anos, em 1979, foi para Nova York (EUA) em busca de um curso na área. Apresentou seu portfólio amador no International Center of Photography, foi aceito e conseguiu meia bolsa atuando como assistente de professor. Ficou nos EUA por seis anos, no total. Desde então, já colaborou com revistas como Time, Forbes, Esquire (EUA), Stern (Alemanha), Paris Match (França) e o jornal The New York Times (EUA), além de publicações brasileiras. Também já atuou com publicidade, tendo faturado alguns Leões em Cannes. Nas diferentes esferas pelas quais circula, não importam o projeto – pessoal ou contratado – ou o nível hierárquico do personagem retratado: um dos segredos do sucesso de Fridman é tratar todo mundo de forma igual.