04/01/2022 - 10:36
Lançado em 2018 com o objetivo de descobrir pequenos planetas ao redor das estrelas vizinhas mais próximas do Sol, o Transiting Exoplanet Survey Satellite (Tess) descobriu até agora 172 exoplanetas confirmados e compilou uma lista de 4.703 candidatos a exoplanetas. Sua câmera sensível captura imagens que abrangem um enorme campo de visão, mais do que o dobro da área da constelação de Órion.
O Tess também montou um Catálogo de Entrada Tess (TIC, na sigla em inglês) com mais de 1 bilhão de objetos. Estudos de acompanhamento de objetos TIC descobriram que eles resultam de pulsações estelares, choques de supernovas, planetas em desintegração, estrelas binárias gravitacionais com lentes próprias, sistemas estelares triplos em eclipse, ocultações de disco e muito mais.
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A astrônoma Karen Collins, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), integrou uma grande equipe que descobriu o misterioso objeto variável TIC 400799224. Eles pesquisaram o Catálogo usando ferramentas computacionais baseadas em aprendizado de máquina desenvolvidas a partir dos comportamentos observados de centenas de milhares de objetos variáveis conhecidos. O método já havia encontrado planetas em desintegração e corpos que emitem poeira, por exemplo.
O estudo sobre a descoberta foi publicado em artigo na revista The Astronomical Journal.
Queda de brilho rápida
A fonte incomum TIC 400799224 foi localizada acidentalmente por causa de sua rápida queda no brilho, de quase 25% em apenas cerca de quatro horas, seguida por diversas variações de brilho acentuadas que poderiam ser interpretadas como um eclipse.
Os astrônomos estudaram o TIC 400799224 com uma variedade de instalações, incluindo algumas que mapearam o céu por mais tempo do que o Tess está operando. Eles descobriram que o objeto é provavelmente um sistema estelar binário, e que uma das estrelas pulsa com um período de 19,77 dias, provavelmente por causa de um corpo orbital que emite periodicamente nuvens de poeira que ocultam a estrela.
No entanto, embora a periodicidade seja regular, as ocultações de poeira da estrela são erráticas em suas formas, profundidades e durações, e são detectáveis (pelo menos do solo) apenas cerca de um terço do tempo ou menos. A própria natureza do corpo orbital é intrigante, porque a quantidade de poeira emitida é grande. Se ela fosse produzida pela desintegração de um objeto como o asteroide Ceres em nosso Sistema Solar, sobreviveria apenas cerca de 8 mil anos antes de desaparecer. Mas, notavelmente, durante os seis anos em que esse objeto tem sido observado, a periodicidade foi a mesma e o objeto emitindo a poeira aparentemente permaneceu intacto.
A equipe planeja continuar monitorando o objeto e incorporar observações históricas do céu para tentar determinar suas variações ao longo de muitas décadas.