10/01/2022 - 12:42
Durante escavações no cemitério Jrapi, na região de Shirak (Armênia), arqueólogos desenterraram os restos mortais de três guerreiros. Dois deles eram mulheres, cujas características das lesões esqueléticas fazem pensar que elas participavam de batalhas em pé de igualdade com os homens.
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As descobertas estão em um estudo publicado na revista International Journal of Osteoarchaeology.
A sepultura que abrigava os corpos estava coberta com quatro placas de basalto com cerca de 4,5 metros de comprimento. Além de restos humanos, havia seis objetos de cerâmica, um colar, uma adaga e quatro pontas de flecha de bronze. Eles foram datados do final da Idade do Bronze, entre 3.500 e 3.000 anos atrás.
Os esqueletos estão bem preservados porque ficaram submersos por muito tempo. Um pertencia a uma mulher de 45 a 50 anos, o segundo, a uma jovem de 16 a 20 anos, e o terceiro pode ter pertencido a um homem que morreu com mais de 50 anos.
Vestígios de ferimentos em seus esqueletos confirmam que as mulheres foram combatentes. A mais velha delas tinha uma fratura no crânio, um ferimento vitalício na mandíbula inferior com uma arma afiada. Em sua tíbia havia traços de uma flecha que perfurara sua perna. Os arqueólogos encontraram ainda a ponta de uma flecha que teria causado a sua morte, alojada no tórax.
Guerreiros bem treinados
A jovem não ficou para trás em termos da violência sofrida. Ela mostrava uma contusão grave no tornozelo e traços de uma punhalada na mandíbula por baixo, feita por uma adaga. Seu crânio também havia sido afundado por uma maça, deixando um ferimento parecido com o da mulher mais velha, mas maior. Embora não tenha sido um golpe fatal, os arqueólogos consideram que a menina “pode ter tido deficiências adquiridas por golpes graves… [por exemplo] deficiência motora, cognitiva e psicológica”.
A partir do estado dos ossos, os cientistas concluíram que essas pessoas eram cavaleiros e arqueiros bem treinados. A adaga encontrada no enterro era provavelmente a arma pessoal de uma das “amazonas”.
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Esse foi o terceiro reduto de enterro de mulheres combatentes achado na Armênia. As descobertas endossam a rica mitologia tradicional armênia de mulheres guerreiras, observam os autores do estudo. As referências mitológicas são “documentadas não apenas por dados antropológicos, mas também por evidências arqueológicas e históricas”, explicam os cientistas. “Não apenas [as] mulheres armênias comuns [defenderam] sua terra natal com armas (…) mas também nobres rainhas e princesas armênias inspiraram gerações com sua coragem, destemor e habilidade com armas”, escrevem os autores. “No século 12, a corajosa defensora Aytsemnik deixou uma marca notável na história da capital medieval armênia, Ani (…). Ela corajosamente repeliu os ataques das tropas seljúcidas lideradas pelo emir Patlun.
Sose Mayrig, participante do movimento de libertação nacional armênio, esposa do famoso líder hajdúk e herói de Sasun Aghbiur Serob, lutou lado a lado com seu marido contra os turcos e curdos.”