01/03/2022 - 8:43
A água doce circula do oceano para o ar, das nuvens para os rios e daí de volta aos oceanos. Esse vaivém constante pode nos dar a ilusão de que sempre teremos água nas nossas torneiras. Porém, um estudo publicado na última quarta-feira (23/2) na Nature revela que esse ciclo está mudando mais rapidamente do que se esperava. À medida que a Terra se aquece, o ciclo da água se intensifica em um padrão “molhado-fica-mais-molhado-e-seco-fica-mais-seco”. Ou seja, cada vez mais água doce está deixando regiões secas do planeta e terminando em regiões úmidas. Isso significa que, em áreas relativamente secas, haverá secas mais intensas e com mais frequência; em áreas relativamente úmidas, tempestades e inundações mais extremas. Nas próximas décadas, essa mudança pode tornar muito mais difícil o acesso à água doce em grandes áreas do planeta.
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O estudo está bem detalhado neste artigo do The Conversation. Guardian, Phys.org e a Universidade de Nova Gales do Sul também comentaram o estudo.
Geleiras chilenas recuam
Outro indicador da emergência climática foi descrito na Folha: o recuo das 26 mil geleiras do Chile, incluindo os campos de gelo do Norte e do Sul. Juntos, estes formam a terceira maior massa de gelo do mundo, atrás apenas da Antártica e da Groenlândia, estendendo-se por 3.500 km2 de superfície, respondendo por 63% da superfície glacial do Chile. Alexis Segovia, glaciologista da Unidade de Glaciologia e Neve da Direção Geral de Águas do Chile, explica que “as geleiras são um indicador por excelência das mudanças climáticas porque são gelo e reagem a temperaturas mais altas”. Elas também “devolvem muita radiação que chega à Terra” e, se continuarem diminuindo, o planeta “aquecerá mais rapidamente”.
Em tempo: As altas temperaturas do verão aumentam o número de pessoas que sofrem emergências de saúde mental, segundo o estudo mais abrangente feito até o momento sobre o assunto. Este avaliou 3,5 milhões de visitas hospitalares de emergência para transtornos de saúde mental feitas nos EUA por 2,2 milhões de pessoas entre 2010 e 2019. O estudo concentrou-se nos meses mais quentes, de maio a setembro, e abrangeu 2.775 municípios, que respondem por 98% dos cidadãos dos EUA. A análise mostrou um aumento médio de 8% na taxa de visitas hospitalares de emergência nos dias em que a temperatura estava entre os 5% mais altos registrados no estudo. O efeito foi observado em quase todas as condições de saúde mental, incluindo estresse, transtornos de humor e ansiedade, esquizofrenia, automutilação e transtornos por uso de substâncias. O Guardian traz outros detalhes.