08/03/2022 - 8:33
A cerca de 500 milhões de anos-luz de distância, na constelação do Escultor, encontra-se uma galáxia de aparência bastante peculiar, conhecida como a galáxia Cartwheel (Roda de Carro). Essa galáxia era normal até ter sofrido uma interação frontal com uma galáxia companheira menor há vários milhões de anos, o que lhe deu esta aparência tão característica de roda de carro.
No entanto, existem ainda outras coisas curiosas relativas a esse objeto astronômico. Algo interessante está acontecendo no canto inferior esquerdo da imagem direita, capturada em dezembro de 2021 com o New Technology Telescope (NTT) do Observatório Europeu do Sul (ESO): uma supernova. A imagem da esquerda, obtida em agosto de 2014 com o instrumento Muse (Multi Unit Spectroscopic Explorer) montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO, mostra a galáxia antes da ocorrência dessa supernova.
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Esse evento, chamado SN2021afdx, é uma supernova do tipo II, que ocorre quando uma estrela massiva chega ao final da sua evolução. As supernovas podem fazer com que uma estrela brilhe mais intensamente do que a sua galáxia hospedeira inteira e podem ser vistas pelos observadores durante meses, ou até anos — um piscar de olhos em escalas de tempo astronômicas.
Poeira de estrelas
As supernovas são uma das razões pelas quais os astrônomos dizem que somos todos feitos de poeira de estrelas: esse fenômeno liberta para o espaço circundante elementos pesados forjados pela estrela progenitora, que podem mais tarde fazer parte de outras gerações de estrelas, dos planetas que as orbitam e da vida que possa existir nesses planetas.
Para detectar e estudar esses eventos imprevisíveis é necessária colaboração internacional. A SN2021afdx foi observada pela primeira vez em novembro de 2021 durante o rastreio Atlas, tendo sido posteriormente seguida pelo ePESSTO+ (Public ESO Spectroscopic Survey for Transient Objects), o rastreio espectroscópico público avançado do ESO para objetos transientes. O ePESSTO+ foi concebido para estudar objetos que apareçam no céu noturno por períodos de tempo muito curtos, tais como essa supernova. Esse rastreio faz uso dos instrumentos EFOSC2 e SOFI montados no NTT, no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. O EFOSC2 obteve não apenas esta bela imagem, como também espectros que permitiram à equipe PESSTO identificar esse evento como uma supernova do tipo II.