17/03/2022 - 10:55
A Rússia ultrapassou o Irã, ostentando agora o pouco invejável título de país mais sancionado do mundo. Várias nações ocidentais estão impondo milhares de medidas contra entidades e indivíduos russos, em reposta à guerra do Kremlin contra a Ucrânia.
O banco de dados Castellum.AI, focado no monitoramento global de sanções e outros fatores de risco, registra que desde 22 de fevereiro a Rússia já foi castigada com quase 4 mil penalidades. Na véspera, o presidente Vladimir Putin havia reconhecido como Estados autônomos as províncias separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e ordenado a mobilização de tropas para a região.
Esse acréscimo, em resposta à invasão do país vizinho, elevou para mais de 6 mil o total das sanções que estão fazendo a economia da Rússia sofrer seriamente. A maioria das medidas punitivas anteriores se referia à anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014.
Por sua vez, o Irã foi submetido a 3.600 sanções na última década, principalmente devido a seu programa nuclear e seu apoio a organizações terroristas. A Síria, Coreia do Norte e Venezuela completam a lista dos cinco países mais punidos internacionalmente, segundo a Castellum.AI.
Campanha internacional coordenada
As penalidades ocidentais contra Moscou estão sendo aplicadas em ondas sucessivas, visando prejudicar de modo crescente a economia e os oligarcas nacionais. Nesse ínterim, as tropas de Putin continuam bombardeando cidades ucranianas, inclusive a capital, Kiev.
Entre as penalidades mais relevantes estão o congelamento dos ativos do Banco Central da Rússia, a retirada das instituições financeiras russas do sistema de transferências internacionais Swift, o embargo dos Estados Unidos a importações de petróleo e gás natural, e a suspensão, pela Alemanha, da autorização de funcionamento para o gasoduto Nord Stream 2.
Esta campanha de sanções coordenadas, uma das mais severas da história, já paralisou a economia russa, fazendo a cotação do rublo despencar a um recorde negativo.
Até a Suíça
Multinacionais de primeiro escalão, como a petroleira BP, Apple, McDonald’s e Volkswagen, ou fecharam suas filiais ou suspenderam suas atividades na Rússia.
Grande parte das penalidades recentes se dirigiu a pessoas físicas. Algumas embarcações e aeronaves de oligarcas russos foram igualmente apreendidas.
Na segunda-feira (14/03), a União Europeia (UE) aprovou um novo pacote de punições, visando às exportações de artigos de luxo, produtos de aço russos, investimentos no setor de energia e o proprietário do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich. Assim, o bloco lidera a lista dos penalizadores mais severos.
País tradicionalmente neutro, a Suíça conta atualmente entre as nações que impuseram o maior número de embargos a Moscou, com cerca de 600 medidas, inclusive contra Putin e seu primeiro-ministro, Mikhail Mishustin. Berna afirmou estar agindo em coordenação com a UE.
Até agora, os EUA anunciaram menos de 300 punições à Rússia, estando em sétimo lugar, atrás da França, Canadá, Austrália e Reino Unido. Ainda assim, segundo dados do Castellum.AI, os americanos são quem mais castigou a Rússia desde 2014, totalizando mais de 1.200 medidas.