01/04/2022 - 16:23
Uma equipe de químicos analíticos e arqueólogos analisou os aromas de tumbas do Egito para ajudar a identificar o conteúdo de potes de comida enterrados junto com os corpos. O estudo mostra como a arqueologia do olfato pode enriquecer nossa compreensão do passado e talvez tornar as visitas a museus mais interessantes.
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A tumba intacta, descoberta em 1906 em uma cidade perto de Luxor, no Egito, foi um momento marcante. Kha, chefe de obras, ou arquiteto, e Merit, sua esposa, são as descobertas mais interessantes já encontradas no Egito, revelando informações importantes sobre como indivíduos de alto escalão foram tratados após a morte.
“É uma coleção incrível”, disse Ilaria Degano, química analítica da Universidade de Pisa, Itália, ao site Nature. “Entre os objetos, há até exemplos de roupas íntimas de linho egípcias antigas de Kha, bordadas com seu nome.”
Excepcionalmente para a época, o arqueólogo que descobriu a tumba resistiu à tentação de desembrulhar as múmias ou espiar dentro das ânforas e jarros lacrados, mesmo depois de terem sido transferidos para o Museu Egípcio de Turim, na Itália.
O conteúdo de muitos desses vasos ainda é um mistério, embora existam algumas pistas, de acordo com Degano. “Conversando com os curadores, sabíamos que havia alguns aromas frutados nas vitrines”, explicou ela.
Para saber mais, Degano e seus colegas colocaram vários artefatos (incluindo frascos selados e copos abertos carregados com restos podres de comida antiga) dentro de sacos plásticos por vários dias para coletar algumas das moléculas voláteis que ainda liberam.
Em seguida, a equipe usou um espectrômetro de massa para identificar os componentes dos aromas de cada amostra. Eles encontraram aldeídos e hidrocarbonetos de cadeia longa, indicativos de cera de abelha; trimetilamina, associada ao peixe seco; e outros aldeídos comuns em frutas. “Dois terços dos objetos deram alguns resultados. Foi uma surpresa muito boa”, contou a pesquisadora.
As descobertas alimentarão um projeto maior para reanalisar o conteúdo da tumba e produzir uma imagem mais abrangente dos costumes funerários para pessoas que não eram da realeza que existiam quando Kha e Merit morreram, cerca de 70 anos antes de Tutancâmon subir ao trono.