08/04/2022 - 19:34
A primeira missão tripulada totalmente privada à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) decolou com sucesso nesta sexta-feira (08/04) do Kennedy Space Center, na Flórida, com uma tripulação de quatro membros da empresa startup Axiom Space.
A parceria da Nasa com a Axiom e a SpaceX para a comercialização da região do espaço conhecida como Low Earth Orbit possibilitará à agência espacial americana se concentrar em viagens mais ambiciosas nas profundezas do cosmos, deixando futuramente as viagens ao entorno da terra para missões privadas.
“Estamos tirando negócios comerciais da face da Terra e colocando-os no espaço”, disse o chefe da Nasa, Bill Nelson.
“Dizer que estamos empolgados é um grande eufemismo”, afirmou o CEO da Axiom Space, Michael Suffredini, após o lançamento, acrescentando que foi o culminar de anos de trabalho para a empresa fundada em 2016.
Comandando a Axiom Mission 1 (Ax-1) está o ex-astronauta da Nasa Michael Lopez-Alegria, com dupla cidadania dos Estados Unidos e da Espanha, que voou para o espaço quatro vezes ao longo de sua carreira de 20 anos e visitou a ISS pela última vez em 2007.
Ele viaja acompanhado por três tripulantes pagantes: o investidor imobiliário americano Larry Connor, o investidor e filantropo canadense Mark Pathy e o ex-piloto de caça, investidor e filantropo israelense Eytan Stibbe. O preço dos tíquetes – que inclui oito dias na ISS – é de 55 milhões de dólares.
Embora outros cidadãos ricos já tenham visitado a ISS antes, Ax-1 é a primeira missão com uma tripulação totalmente privada voando em uma nave espacial também privada para o posto avançado. A Axiom paga a SpaceX pelo transporte, e a Nasa também cobra a Axiom pelo uso da ISS.
Como será a estadia na ISS
A bordo da ISS, que orbita a 400 quilômetros acima do nível do mar, o quarteto realizará 25 projetos de pesquisa, incluindo uma demonstração da tecnologia do MIT de telhas inteligentes que formam um enxame robótico e se montam automaticamente na arquitetura espacial. Outro experimento envolve microgravidade e detecção precoce de câncer.
“A diferença é que nossos caras não vão até lá e flutuam por oito dias tirando fotos e olhando para fora da cúpula”, disse Derek Hassmann, diretor de operações da Axiom Space.
Além disso, o tripulante Stibbe planeja homenagear seu falecido amigo Ilan Ramon, o primeiro astronauta de Israel, que morreu no desastre do ônibus espacial Columbia em 2003, quando a espaçonave se desintegrou na reentrada na Terra.
A equipe da Axiom viverá e trabalhará ao lado da equipe regular da estação: atualmente três americanos, um alemão e três russos.
A empresa fez parceria para um total de quatro missões com a SpaceX, e a Nasa já aprovou a segunda missão, a Ax-2.
A Axiom vê as viagens como os primeiros passos de um objetivo maior: construir sua própria estação espacial privada. O primeiro módulo deve ser lançado em 2024. O plano é que a estação seja inicialmente anexada à ISS, antes de voar de forma autônoma quando o posto avançado se aposentar e sair de órbita em algum momento após 2030.
Como foi a decolagem
A missão Ax-1 decolou na hora prevista, às 12h17 (horário de Brasília), do Cabo Canaveral e a bordo de uma cápsula Dragon acoplada a um foguete Falcon 9, ambos da SpaceX.
Menos de dez minutos após o lançamento, a primeira parte do Falcon 9, que completa a sua quinta missão, aterrissou com segurança em uma plataforma posicionada no oceano Atlântico para ser reutilizada futuramente. A empresa fundada pelo magnata Elon Musk chegou assim à 113ª recuperação desta parte do foguete, 87 delas no oceano.
Pouco depois da recuperação do propulsor do Falcon 9, a cápsula Dragon se separou da segunda parte do foguete e continuou em modo autônomo na sua viagem de 20 horas até à ISS, onde se espera que chegue no começo da manhã deste sábado.
“Esta tem sido uma viagem incrível”, disse Alegría, depois de o centro de controle ter desejado à tripulação da cápsula que desfrutasse do resto da viagem.
A missão Ax-1, além de ser a primeira visita comercial à ISS, é o segundo voo totalmente comercial em órbita após a missão Inspiration4, em setembro do ano passado, também com financiamento privado e em uma cápsula Dragon da SpaceX. A preparação para a Inspiration4 foi tema de uma série documental da Netflix, disponível na plataforma.
le (AFP, EFE)