15/04/2022 - 9:31
Um dos argumentos dos defensores da continuidade do uso de combustíveis fósseis é que o mundo continuará precisando de volumes crescentes de energia nas próximas décadas, especialmente nas nações mais pobres, para promover o desenvolvimento desses países. No entanto, um estudo publicado por pesquisadores da Universidade Stanford (EUA) questiona essa justificativa e aponta para o caminho contrário: os países podem muito bem reduzir sua pobreza e garantir condições dignas de vida à sua população sem precisar de mais energia. O caminho para tanto está no uso mais eficiente da energia disponível.
O estudo foi publicado na revista Ecological Society of America e analisou dados sobre consumo per capita de energia, saúde e bem-estar de cerca de 140 países. A principal conclusão é que uma simples redistribuição da média global de consumo (hoje em torno dos 79 gigajoules anuais por pessoa) seria suficiente para proporcionar uma vida mais digna para as pessoas mais pobres.
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Ainda de acordo com a análise, o aumento do consumo de energia permitiu uma melhoria nas condições de vida das pessoas nos países analisados até certo ponto. Além disso, o consumo extra não trouxe qualquer efeito benéfico à qualidade de vida. Em todos os casos, esse “ponto de equilíbrio” médio está abaixo dos 79 gigajoules per capita anuais.
O estudo também ressaltou como a desigualdade de renda está intimamente associada à desigualdade no consumo de energia: enquanto o consumidor médio dos EUA gasta 284 gigajoules a cada ano, o do Senegal não chega a consumir 15 gigajoules.
A Bloomberg repercutiu o estudo.