05/05/2022 - 5:11
Em 5 de maio de 1891, foi inaugurado o Carnegie Hall, uma sala em estilo renascentista italiano com capacidade para 2.800 pessoas. Além de palco para vários estilos musicais, era uma plataforma para ciência e política.
A construção do Carnegie Hall foi um ato de generosidade do industrial Andrew Carnegie. O ambicioso maestro e diretor da Filarmônica de Nova York, Walter Damrosch, filho de imigrantes alemães, convencera o mecenas milionário de que sua orquestra precisava de uma “casa própria”. A sede da Filarmônica acabou virando um templo das artes.
Meca dos grandes músicos
A lista dos mestres da música que se apresentaram na casa de espetáculos próxima ao Central Park é longa e vai desde nomes como Gustav Mahler, Piotr Tchaikovsky, Maria Callas e Yehudi Menuhin a Liza Minnelli ou Bob Dylan. Milhares de obras tiveram ali estreia mundial.
Algumas carreiras também surgiram por acaso no Carnegie Hall. Em 1943, um americano desconhecido de 25 anos teve de substituir o adoentado maestro alemão Bruno Walter. No dia seguinte, os Estados Unidos celebravam um novo astro da música erudita: Leonard Bernstein (1918-1990).
“Uma vez que você se apresentou no Carnegie Hall, sabe que alcançou a sua meta, porque ninguém se apresenta no Carnegie Hall se não for um grande artista”, disse certa vez Ray Charles. Frank Sinatra, Zubin Mehta, Wynton Marsalis, Lionel Hampton, Julie Andrews e muitos outros cantores populares famosos sempre ressaltaram a importância do “Hall” para suas carreiras.
Histórico foi também um concerto de Arturo Toscanini e Wladimir Horowitz em 1943, para o qual não foram vendidos ingressos e, sim, títulos do tesouro público americano no valor de 11 milhões de dólares, a fim de financiar a Segunda Guerra Mundial.
Palco para vários estilos
Inicialmente, o Carnegie Hall foi um espaço dedicado principalmente à música erudita. Maestros como Leopold Stokowski, e Fritz Reiner e pianistas como Sergei Rachmaninoff, Glenn Gould e Arthur Rubinstein eram presenças frequentes.
Esta característica começou a mudar em janeiro de 1938, quando o “Hall” se abriu para o blues e o jazz. Benny Goodman, Louis Armstrong, Billie Holliday, Charlie Parker, Ella Fitzgerald, Duke Ellington e Miles Davis foram alguns dos astros que lotaram a casa nos anos seguintes.
Segundo o diretor do museu e do arquivo do Carnegie Hall, Gino Francesconi, a apresentação de Benny Goodman em 1938 foi um dos primeiros concertos em que o público se sentou para ouvir swing, uma música feita para dançar. Para Goodman, isso significou o reconhecimento da sua música.
Plataforma para ciência e política
Andrew Carnegie sempre quis que o “Hall” se autofinanciasse. Por isso, o teatro não se restringiu a promover espetáculos musicais. Serviu de palco também para conferências científicas e discursos de líderes políticos das mais diferentes tendências.
Mark Twain, Albert Einstein e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill passaram por lá. O presidente americano Thomas Woodrow Wilson (1856-1924) fez lá um discurso em 1919, pedindo o apoio de seu povo para o Tratado de Versalhes. Discursaram ali também líderes de movimentos pelos direitos humanos, como Martin Luther King e Jesse Jackson, militantes do movimento feminista e socialistas que atacavam o capitalismo.
Depois de ser salvo da demolição por Isaac Stern em 1960, o teatro abriu suas portas à “música de entretenimento”, e estrelas do pop e rock conquistaram o legendário palco. O Carnegie Hall se transformou num mito. Segundo o alemão Franz Xaver Ohnesorg, diretor artístico da entidade de 1999 a 2001, isso não se deve apenas à acústica especial. “Não há outro lugar no mundo com uma concentração tão forte de artistas famosos”, diz.