Localizado na zona rural do condado de Northumberland (norte da Inglaterra), Vindolanda, com seu forte e assentamento, é um tesouro da vida cotidiana durante a ocupação romana da Grã-Bretanha e além. O que torna essa parte do Patrimônio Mundial da Muralha de Adriano tão excepcional é que alguns dos artefatos de quase 2 mil anos descobertos revelam emoções e sentimentos humanos. Talvez o exemplo mais famoso seja o convite de aniversário manuscrito em que uma mulher muito educadamente pede que sua “irmã mais querida” se junte a ela para comemorar seu aniversário.

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A última descoberta feita em Vindolanda dá uma fascinante janela para as emoções de alguém do século 3 d.C., e desta vez não envolvem palavras tão educadas. Dylan Herbert, um bioquímico aposentado do sul do País de Gales, fez a descoberta em 19 de maio, no final de sua segunda semana de voluntariado nas escavações. Dylan comentou: “Eu estava removendo muitos entulhos durante toda a semana e, para ser honesto, essa pedra estava atrapalhando meu caminho. Fiquei feliz quando me disseram que eu poderia tirá-la da trincheira. De trás parecia como todas as outras, uma pedra muito comum, mas quando a virei, fiquei surpreso ao ver algumas letras claras. Só depois que retiramos a lama percebi toda a extensão do que havia descoberto e fiquei absolutamente encantado”.

Além do óbvio e explícito falo esculpido, a face da pedra, que mede 40 centímetros de largura por 15 cm de altura, está gravada com as palavras SECVNDINVS CACOR, uma gravura que torna esse grafite um insulto muito pessoal. Especialistas em epigrafia romana, os doutores Alexander Meyer, Alex Mullen e Roger Tomlin reconheceram-no como uma versão mutilada de Secundinus cacator – “Secundinus, o filho da p.” –, com a imagem aumentando a força do insulto escrito.

Sentimento intenso

O dr. Andrew Birley, diretor de Escavações e CEO da Vindolanda Trust, comentou: “A recuperação de uma inscrição, uma mensagem direta do passado, é sempre um grande evento em uma escavação romana, mas esta realmente ergueu nossas sobrancelhas quando deciframos a mensagem na pedra. Seu autor claramente tinha um grande problema com Secundinus e estava confiante o suficiente para anunciar seus pensamentos publicamente em uma pedra. Não tenho dúvidas de que Secundinus não teria se divertido ao ver isso quando estava vagando pelo local há mais de 1.700 anos”.

O falo romano é muitas vezes visto como um amuleto de boa sorte ou símbolo de fertilidade, um símbolo positivo. No entanto, neste caso, o autor habilmente pegou seu significado e o subverteu para seus próprios objetivos. Cada letra foi cuidadosamente esculpida, o que levaria um tempo, deixando poucas dúvidas sobre a profundidade do sentimento.

Esse fabuloso comentário social do passado antigo divertirá os visitantes por muitos anos. Isso nos lembra que, embora o exército romano pudesse ser extremamente brutal, especialmente para a população nativa, eles não eram imunes a insultar uns aos outros. Séculos antes de os jornais impressos ou as mídias sociais estarem disponíveis, essa teria sido uma das melhores maneiras de fazer com que muitas pessoas percebessem um ponto de vista.


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Considerando as extensas escavações e pesquisas em Vindolanda, ao longo de quase 100 anos, não é surpreendente notar que o local tem mais esculturas de falos do que qualquer outro ao longo da linha da Muralha de Adriano. A nova adição leva essa contagem para 13, um número que se acredita ser azar para alguns. Os arqueólogos de Vindolanda, no entanto, esperam que ele seja um ótimo sinal para o resto da temporada de escavações.