10/06/2022 - 4:21
O cineasta e autor alemão Rainer Werner Fassbinder morreu em 10 de junho de 1982 de overdose. Em 16 anos, o genial cineasta produziu mais de 40 filmes, entre os quais “O Casamento de Maria Braun” e “Lili Marleen”.
Uma das principais figuras do cinema novo alemão, Rainer Werner Fassbinder nasceu em Bad Wörishoven, na Baviera, em 31 de maio de 1945, filho de um médico e de uma tradutora. Em 1951, os pais se separaram e ele passou a morar com a mãe, em Colônia. Quando esta adoeceu de tuberculose, Fassbinder foi internado num orfanato.
Em 1963, antes de concluir o nível médio, começou a estudar teatro na escola Fridl-Leonhard Studio, em Munique, onde conheceu Hanna Schygulla, que mais tarde seria sua atriz favorita. Seus dois primeiros curtas (Die Stadtstreicher e Das kleine Chaos) foram feitos em 1966.
Fassbinder foi cocriador do antiteatro, um coletivo de atores que chamou a atenção por suas produções anticonvencionais. Além disso, cofundou a Filmverlag der Autoren e ajudou a criar a sociedade produtora Tango Film. Em 1974, aceitou, embora por pouco tempo, a direção do Theater am Turm em Frankfurt. Neste contexto, seu amigo e colaborador Harry Baer falou de “uma vida sem fôlego” e citou-o dizendo “Posso dormir quando estiver morto”.
Em pouco tempo, o cineasta consolidou seu estilo – econômico, político, seco, às vezes alegórico. Seus filmes criticavam o mundo burguês e, em especial, a Alemanha do pós-guerra e sua integração ao mundo ocidental, regida pela influência dos EUA.
Seu primeiro longa, em 1968, O amor é mais frio que a morte (Liebe ist kälter als der Tod) recebeu pouca atenção da crítica, mas o segundo, Katzelmacher, um melodrama sobre um trabalhador estrangeiro, recebeu o Prêmio do Cinema Alemão (Bundesfilmpreis) em 1970.
Ano, aliás, marcado por sua alta produtividade: seis filmes, duas peças para rádio, além de várias peças e encenações teatrais. Em 1977, foi homenageado nos Estados Unidos, com 12 filmes seus sendo apresentados no Fassbinder Festival. O jornal New York Times o elogiou como o “jovem cineasta mais original, fascinante, talentoso e criativo da Europa Ocidental”.
Urso de Ouro em 1982
De volta à Alemanha, o filme O Medo Devora a Alma (Angst essen Seele auf ), de 1974, causou polêmica no país ao tematizar, de forma muito sutil, o amor entre uma faxineira alemã de meia idade e um jovem trabalhador marroquino.
O primeiro grande sucesso de público veio em 1981, com Lili Marleen, baseado nas memórias da cantora Lale Andersen. No ano seguinte, o coroamento da carreira com o Urso de Ouro na Berlinale, o principal prêmio alemão de cinema, por O Desespero de Veronica Voss (Die Sehnsucht der Veronika Voss), enfocando a derrocada de uma ex-estrela de cinema.
Sua última obra foi Querelle, uma adaptação do livro de Jean Genet estrelada por Jeanne Moreau. Fassbinder morreu a 10 de junho de 1982 em seu apartamento em Munique, provavelmente pela ingestão conjunta de cocaína e sonífero.
O famoso cineasta alemão dirigiu 42 filmes e colaborou em mais alguns como ator, montador, roteirista ou em outras funções. A sua criação cinematográfica atingiu quase 60 produções. Uma obra impressionante para um homem que morreu aos 37 anos. Além disso, escreveu e encenou muitas peças de teatro, sem deixar de trabalhar, de formas variadas, para a televisão e o rádio.
As principais obras de Rainer Werner Fassbinder:
O Soldado Americano (1970)
O Mercador das Quatro Estações (1971)
As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1972)
Martha (1974) – releitura do melodrama Tudo o Que o Céu Permite, de Sirk
Roleta Chinesa (1976)
Despair (1977)
O Casamento de Maria Braun (1978)
Lili Marleen (1980)
Berlin Alexanderplatz, série de 13 episódios para a televisão, baseada em romance de Alfred Döblin (1980)
Lola (1981)
O Desespero de Veronica Voss (1982)
Querelle (1982)
(rw)