17/06/2022 - 20:47
Uma onda de calor precoce para esta época do ano atinge vários países europeus, sobretudo a França e a Espanha, mas também a Itália, o Reino Unido e a Alemanha, entre outros. Cientistas dizem que as ondas de calor serão cada vez mais intensas e começarão mais cedo, em razão das mudanças climáticas.
Na Espanha, onde incêndios florestais obrigaram centenas de pessoas a deixarem suas casas, as temperaturas nesta sexta-feira (17/06) ultrapassaram os 35ºC na maior parte do país e, na província de Jáen, no sul, chegaram aos 44ºC.
Incêndios florestais consumiram quase 11 mil hectares na Sierra de Culebra, no noroeste do país. “Há oito municípios evacuados e 317 moradores retirados de casa”, informou o governo regional de Castilla y León, próximo à fronteira com Portugal.
Mais de 3 mil pessoas tiveram que ser retiradas do parque temático Puy du Fou, perto de Toledo, no centro do país, devido a outro forte incêndio florestal.
No total, 2,5 mil visitantes, 700 funcionários, 200 pássaros, 55 cavalos e o outros animais foram evacuados. Não houve feridos, informou a administração do parque em comunicado.
Os bombeiros também combatem incêndios florestais na Catalunha, no nordeste do país.
Medidas emergenciais na França
Na França, mais de dois terços dos departamentos estavam nesta sexta-feira sob os dois principais níveis de alerta de calor. Em grande parte do sudoeste do país, os termômetros se aproximaram ou ultrapassavam os 40 °C.
“Fique atento! Mantenha-se hidratado, mantenha a calma, deixe as pessoas saberem como você está e pergunte às pessoas próximas a você”, escreveu no Twitter a primeira-ministra francesa, Elizabeth Borne.
Nos departamentos com nível de alerta “vermelho”, os alunos foram orientados a ficar em casa. Medidas especiais também foram tomadas em casas de repouso, ainda marcadas pela onda de calor mortal de 2003. Os prédios estão sendo borrifados com água para resfriá-los e os moradores, transferidos para salas com ar-condicionado.
As fortes temperaturas levaram as autoridades de Paris a anunciarem regras especiais para tentar reduzir a poluição neste sábado e, assim, melhorar a qualidade do ar. A velocidade máxima será limitada a 20 quilômetros por hora em todas as rodovias da região, entre outras regras.
Medidas semelhantes também foram aplicadas em Lyon e seus arredores, bem como nos departamentos de Haut-Rhin e Bas-Rhin, no leste do país.
Seca na Itália
Cerca de 170 cidades da região de Piemonte, no norte da Itália, limitaram o uso da água apenas para consumo alimentar, anunciou nesta sexta-feira o governador local, Alberto Cirio, diante da grave seca que atinge a área, a pior em 70 anos.
Na comuna de Turim, que abriga a capital da região, há 80 localidades que limitaram o consumo de água e três que tiveram que recorrer a caminhões-tanque.
A região de Piemonte já enviou a Roma o pedido de declaração de estado de emergência, assim como sua vizinha Lombardia, ambas abastecidas pelo rio Pó, o maior do país.
A Confederação Italiana de Agricultores (CIA) advertiu que a região da bacia do Pó corre o risco de perder metade da produção agrícola e apelou ao governo para que tome medidas como turnos para irrigação e melhorias na infraestrutura hidrológica.
A CIA estima perdas de 1 bilhão de euros. Se não chover nessas regiões aos pés dos Alpes nas próximas semanas, serão perdidos legumes e frutas, como tomate e melancia, reduzindo a oferta no mercado de 30% ou 40%.
ONU alerta para riscos de desertificação
Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), disse que “infelizmente, o que estamos vendo hoje é uma antecipação do futuro” se as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera continuarem aumentando e empurrando o aquecimento global para dois graus acima dos níveis pré-industriais.
A ONU apelou esta sexta-feira para que os governos ajam imediatamente contra a seca e a desertificação para evitar “desastres humanos”.
“A hora de agir é agora: cada ação conta”, declarou o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), Ibrahim Thiaw, em conferência mundial em Madri por ocasião do Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca.
Ele lembrou que “metade da população mundial enfrentará severa escassez de água nos próximos oito anos”.
“Não há lugar na Terra para se esconder. Nenhum país, rico ou pobre, está protegido”, disse.
Os países às margens do Mar Mediterrâneo, incluindo a Espanha, estão entre as áreas do mundo mais afetadas pela escassez de água e pelas consequências das mudanças climáticas. Segundo o governo espanhol, 74% do país está em risco de desertificação.
le (AFP, EFE, ots)