12/07/2022 - 13:00
O “rosto do primeiro europeu” foi apresentado na última sexta-feira (8 de julho) por paleontólogos que trabalham no sítio arqueológico de Atapuerca, no norte da Espanha. De acordo com eles, os ossos faciais que desenterraram lá pertenciam a um membro do gênero Homo (a espécie exata ainda é desconhecida) e teriam entre 1,2 milhão e 1,4 milhão de anos de idade.
- Cientistas se fazem de neandertais para estudar caça a gralhas
- Fóssil chinês dá pistas sobre início da presença humana na Ásia
- Humanos usaram caverna na Espanha com arte rupestre por mais de 50 mil anos
Os ossos foram encontrados no sítio de escavação Sima del Elefante, em Atapuerca, em 30 de junho por uma equipe liderada por Edgar Tellez, doutorando no Centro Nacional Espanhol de Evolução Humana (Cenieh). Trata-se de uma maçã do rosto e uma maxila (maxilar superior). Diversos outros fósseis humanos já haviam sido encontrados em Atapuerca, mas nenhum tinha idade tão elevada. Nessa época, aliás, são escassas as evidências da presença humana na Europa.
“Esta descoberta provavelmente nos ajudará a conhecer as espécies que colonizaram a Europa”, disse o arqueólogo Eudald Carbonell, um dos codiretores do projeto de pesquisa Atapuerca, no evento de apresentação dos fósseis, em Burgos, cidade a cerca de dez quilômetros do sítio arqueológico. Ele observou que, embora apesar da possibilidade de haver habitantes humanos anteriores na Europa, eles não estabeleceram populações permanentes no continente.
Revisão de livros
Na ocasião, outro codiretor de Atapuerca, Juan Luis Arsuaga, afirmou que os fósseis significam que os livros sobre a evolução humana terão de ser reescritos, pois fazem a presença do gênero Homo retroceder no tempo. Eles “mostram que as coisas que pensávamos aparecer no final da evolução (como o rosto moderno) surgiram no início”, observou.
Até agora, o fóssil de hominídeo mais antigo encontrado na Europa era um maxilar encontrado no mesmo local em 2007, com 1,2 milhão de anos. Os pesquisadores irão agora refinar sua primeira estimativa para a idade do fragmento da mandíbula usando técnicas de datação científica, disse o paleoantropólogo José María Bermúdez de Castro, também codiretor do projeto de pesquisa Atapuerca. Como o fragmento da maxila foi encontrado cerca de dois metros abaixo da camada de terra onde o maxilar foi encontrado em 2007, “é lógico e razoável pensar que é mais antigo”, acrescentou.
O trabalho de aprimorar a datação dos ossos será realizado no Cenieh, em Burgos. A estimativa é que ele demore entre seis e oito meses.