27/07/2022 - 10:16
Cefaleia em salvas (crises de episódios frequentes de dores de cabeça), ansiedade e depressão podem ser debilitantes para as pessoas que vivem com essas condições. As drogas psicodélicas mostraram benefícios como tratamentos para tais distúrbios em estudos clínicos, mas não para todos. Um estudo publicado na revista ACS Chemical Neuroscience tem uma explicação para isso: segundo os pesquisadores, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (EUA), o motivo pode estar em variações genéticas comuns em um receptor de serotonina. Eles descobriram que sete variantes impactaram de forma única e diferenciada a resposta in vitro do receptor a quatro drogas psicodélicas – psilocina, LSD, 5-MeO-DMT e mescalina.
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Recentemente, houve um renovado interesse e pesquisa no uso de compostos psicodélicos que estimulam os receptores de serotonina no cérebro devido a vários resultados promissores de ensaios clínicos. Esses receptores ligam a serotonina (5-hidroxitriptamina; 5-HT) e outras moléculas semelhantes contendo aminas, ajudando a regular o humor, as percepções, a cognição e as emoções das pessoas, bem como o apetite. Em particular, o receptor de serotonina conhecido como 5-HT2A é responsável por mediar os efeitos das drogas psicodélicas. No entanto, existem várias variações genéticas aleatórias que ocorrem naturalmente, conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs, na sigla em inglês), que podem afetar a estrutura e a função do receptor 5-HT2A. Então, Bryan Roth e seus colegas queriam explorar como as variações nesse receptor impactam a atividade in vitro de quatro terapias psicodélicas.
Avaliação médica
Os pesquisadores usaram uma série de ensaios para medir o efeito que sete SNPs diferentes tiveram na ligação e sinalização in vitro do receptor de serotonina 5-HT2A quando na presença de psilocina, LSD, 5-MeO-DMT ou mescalina. Seus resultados indicaram que algumas variações genéticas, mesmo distantes do local de ligação, alteram a forma como o receptor interage com as drogas psicodélicas. Por exemplo, o polimorfismo de nucleotídeo único Ala230Th teve respostas aumentadas e reduzidas às drogas testadas em comparação com a versão original do gene, enquanto a mutação His452Th mostrou apenas efeitos reduzidos.
Com base em seus resultados, os pesquisadores esperam que pacientes com diferentes variações genéticas reajam de maneira diferente aos tratamentos assistidos por psicodélicos. Eles sugerem que os médicos considerem a genética dos receptores de serotonina de um paciente para identificar qual composto psicodélico provavelmente será o tratamento mais eficaz.