27/07/2022 - 10:44
Um novo estudo descobriu que a água foi transportada muito mais profundamente na Terra primitiva do que se pensava anteriormente. A revelação lança uma nova luz sobre como os continentes foram originariamente formados.
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O estudo da Universidade Curtin (Austrália), publicado na revista Earth and Planetary Science Letters, responde a perguntas de longa data sobre o início do ciclo da água na Terra.
Segundo o pesquisador-chefe dr. Michael Hartnady, da Escola da Terra de de Ciências Planetárias da Universidade Curtin, a maneira como a água é armazenada e transportada através da crosta terrestre influencia tudo, desde onde vulcões e depósitos minerais se formam até onde ocorrem terremotos.
Profundidade muito maior
“Embora entendamos o ciclo moderno das águas profundas, sabemos muito pouco sobre como ele funcionava quando a Terra ainda era um planeta muito jovem”, disse Hartnady.“Várias linhas de evidências geológicas mostram que a água foi transportada para grandes profundidades dentro da Terra até 3,5 bilhões de anos atrás, embora não seja bem entendido como exatamente ela chegou lá.”
Os pesquisadores usaram modelagem sofisticada para mostrar que rochas vulcânicas primitivas de alto magnésio – que surgiram no fundo do oceano na Terra primitiva – teriam absorvido muito mais água do mar do que as lavas mais modernas.
“Essa água, que está trancada em cristais particulares dentro da rocha, teria sido liberada quando as rochas foram enterradas e começaram a ‘suar’. Nas lavas modernas, essa transpiração ocorre a uma temperatura de cerca de 500 graus Celsius”, afirmou Hartnady. “Nossas descobertas indicam que grande parte da água do mar inicialmente ligada às antigas lavas primitivas teria sido liberada em temperaturas muito mais altas, superiores a 700 graus Celsius. (…) Isso significa que a água foi transportada muito mais profundamente na Terra primitiva do que se pensava antes. Sua liberação teria causado o derretimento das rochas circundantes, formando os continentes.”
Na opinião de Hartnady, a presente pesquisa ajudou a explicar o funcionamento interno do planeta há mais de 2,5 bilhões de anos. “Curiosamente, as partes mais antigas dos continentes, os crátons, também contêm alguns dos maiores depósitos de ouro da Terra, incluindo a Golden Mile perto de Kalgoorlie (Austrália)”, disse ele. “Esses depósitos de ouro exigiram grandes volumes de água para se formar, e ainda não temos uma boa explicação de onde eles vieram. Nossa nova pesquisa pode ajudar a resolver essas e outras questões, talvez até as relacionadas à origem da vida.”