02/08/2022 - 8:21
O Great Salt Lake (Grande Lago Salgado) de Utah caiu para seu nível de água mais baixo registrado em julho de 2022, enquanto uma megasseca persiste no sudoeste dos Estados Unidos, forçando Salt Lake City, a capital do estado e em rápido crescimento, a reduzir seu uso de água. Do espaço, imagens de satélite mostram como os níveis de água caíram de 1985 a 2022 – expondo grandes extensões do leito do lago.
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De acordo com dados do Serviço Geológico dos EUA, a elevação da água da superfície do Great Salt Lake caiu para o nível mais baixo desde que os registros começaram em meados de 1800, para uma média de 1.277 m acima do nível do mar. Como resultado dessa queda do nível da água, o lago perdeu quase metade de sua superfície em relação à média histórica, expondo cerca de 2.000 km2 de leito lacustre – uma área 1,3 maior do que a do município de São Paulo.
O lago agora contém pouco mais de um quarto do volume de água, como no seu ponto alto em 1987, de acordo com o US Geological Survey. O uso da água e a seca causada pelas mudanças climáticas são duas das principais razões por trás do declínio do lago.
O lago passa por ciclos sazonais de perda e reabastecimento de água depois que a chuva e o derretimento da neve o enchem de volta. Segundo as autoridades, a evaporação e o esgotamento da água excedem a quantidade de água que entra no lago. Espera-se que os níveis de água do lago diminuam ainda mais até o outono ou início do inverno, quando a entrada de água iguala ou excede as perdas por evaporação.
As imagens de satélite a seguir revelam como os níveis de água caíram de 1985 (abaixo) a 2022 (mais abaixo), expondo grandes extensões do leito do lago.
Consequências devastadoras
O declínio das águas do Great Salt Lake traz consequências devastadoras para a economia, ecologia e pessoas do norte de Utah. O lago gera neve, atua como refúgio para centenas de aves migratórias e outros animais selvagens e gera milhões em desenvolvimento econômico por meio da extração mineral e do turismo.
O Great Salt Lake é o maior lago de água salgada do hemisfério ocidental e um dos corpos de água interiores mais salinos do mundo. À medida que o lago encolhe, torna-se mais salgado, o que põe em perigo as moscas e as artêmias (pequenos crustáceos), das quais milhões de aves dependem para se alimentar.
A diminuição dos níveis de água também afeta a qualidade do ar local. À medida que o fundo do lago seca e mais leito do lago é exposto, o solo seco leva a um aumento de poeira no ar. A poeira é misturada com cobre, arsênico e outros metais pesados perigosos que se acumularam no lago, muitos deles resíduos da atividade de mineração na região.
Estes podem, com o tempo, representar um perigo para a saúde pública quando as tempestades de poeira os levam para áreas povoadas, causando danos quando inalados e exacerbando outras doenças respiratórias.
A imagem abaixo mostra as concentrações médias de aerossóis perto das áreas abertas do leito do lago produzidas usando dados do satélite Copernicus Sentinel-5P de 1º de junho a 15 de julho de 2022.
Crescimento populacional
Outro fator que contribui para a queda dos níveis de água do lago é a redução nas maneiras pelas quais o lago recupera a água. A água é redirecionada dos córregos que alimentam o lago todos os anos para a agricultura e áreas residenciais próximas, o que significa que o lago não pode substituir facilmente a água que perde por evaporação.
O aumento da demanda de água devido ao número crescente da população da região metropolitana de Salt Lake City é outra razão por trás da desertificação do Great Salt Lake. Utah é o estado que mais cresce nos EUA e deve aumentar quase 50% até 2060.
A imagem abaixo utiliza dados do World Settlement Footprint para destacar a expansão urbana de Salt Lake City que ocorreu entre 1985 e 2019.
O World Settlement Footprint é o conjunto de dados mais abrangente do mundo sobre assentamentos humanos, criado para melhorar a compreensão das tendências atuais da urbanização global. O World Settlement Footprint é um projeto conjunto da ESA, o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), em colaboração com a equipe do Google Earth Engine.