17/08/2022 - 11:44
Ao longo da história, os alquimistas acreditaram na existência da pedra filosofal: uma substância que poderia transformar substâncias baratas em ouro. Agora, cientistas da Universidade de Manchester (Reino Unido), da Universidade Tsinghua (China) e da Academia Chinesa de Ciências mostraram que o grafeno pode ser uma espécie de pedra filosofal, permitindo a extração de ouro de resíduos contendo apenas vestígios de ouro (até bilionésimos por cento).
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Essa nova aplicação aparentemente mágica do grafeno funciona de maneira bastante direta: adicione grafeno a uma solução contendo vestígios de ouro e, após alguns minutos, ouro puro aparece nas folhas de grafeno, sem outros produtos químicos ou energia envolvida. Depois disso, você pode extrair seu ouro puro simplesmente queimando o grafeno.
A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, mostra que 1 grama de grafeno pode ser suficiente para extrair quase 2 gramas de ouro. Como o grafeno custa menos de US$ 0,10 por grama, isso pode ser muito lucrativo, uma vez que o ouro custa cerca de US$ 70 por grama.
O dr. Yang Su, da Universidade Tsinghua, que liderou os esforços de pesquisa, disse: “Essa aparente magia é essencialmente um processo eletroquímico simples. Interações únicas entre grafeno e íons de ouro conduzem o processo e também produzem uma seletividade excepcional. Somente o ouro é extraído, sem nada de outro íons ou sais.”
Solução atraente
O ouro é usado em muitas indústrias, incluindo eletrônicos de consumo (telefones celulares, laptops, etc.). Quando esses produtos são descartados, pouco do lixo eletrônico é reciclado. O processo baseado em grafeno com sua alta capacidade de extração e alta seletividade, pode recuperar cerca de 100% do ouro do lixo eletrônico. Isso oferece uma solução atraente para abordar o problema da sustentabilidade do ouro e os desafios do lixo eletrônico.
“O grafeno transforma lixo em ouro, literalmente”, acrescentou o professor Andre Geim, da Universidade de Manchester, outro autor principal e ganhador do Prêmio Nobel responsável pelo primeiro isolamento do grafeno. “Nossas descobertas não são apenas promissoras para tornar essa parte da economia mais sustentável, mas também enfatizam como os materiais atomicamente finos podem ser diferentes de seus pais, materiais a granel bem conhecidos”, acrescentou. “O grafite, por exemplo, não serve para extrair ouro, enquanto o grafeno quase faz a pedra filosofal.”
O professor Hui-ming Cheng, da Academia Chinesa de Ciências, um dos autores principais do estudo, disse: “Com a busca contínua por aplicações revolucionárias do grafeno, nossa descoberta de que o material pode ser usado para reciclar ouro de lixo eletrônico traz entusiasmo adicional ao comunidade de pesquisa e desenvolvimento de indústrias de grafeno”.